Pode-se dizer muita coisa do novo filme brucutu de Sylvester Stallone, Os Mercenários (no original, The Expendables), exceto dizer que ele é desonesto. Afinal, como o próprio nome original sugere, apesar de até ser divertidinho, o filme é totalmente dispensável (expendable = dispensável, descartável).
Os Mercenários é praticamente uma ode aos filmes de ação desacerebrados da década de 80. Tudo respira um ar saudosista (eu iria dizer antigo, mas anos 80 não estão tão longe, eu não estou tão velho assim), desde o roteiro raso até a cenografia (reparem no quartel general do vilão, a típica mansão enorme - com direito a balcão para discursos - preferida por vilões oitentistas, desde o seu design/arquitetura até a decoração).
A história (ou a desculpa para explodir as coisas) é simples. Barney Ross (Sylvester Stallone, que também dirigiu e escreveu o filme) é o líder do grupo de mercenários The Expendables (fato que é mostrado apenas nas tatuagens dos personagens). Já contando com uma certa idade, Ross se questiona sobre a sua vida de violência, e vê uma oportunidade para uma "redenção" numa missão quase suicida, onde ele irá ter que salvar a rebelde Sandra (a sempre bela Gisele Itié) e de quebra, livrar o país dela da ditadura do General Garza (David Zayas, mais conhecido pelo trabalho em Dexter), que também está sendo manipulado pelo verdadeiro vilão (e óbvio) ex-agente da CIA, James Monroe (Eric Roberts, canastrão como sempre).
Fazem parte do time de mercenarios de Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Terry Crews e Randy Couture, cada um com a sua habilidade diferente, claro (apesar dessa mescla de habilidades não ser quase explorada no filme). Completa a trupe Mickey Rourke, como um ex-membro ativo que agora cuida da parte "administrativa" dos negócios.
Com um elenco chuta-bundas como esse, e ainda contando com participações especiais de Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger, Os Mercenários tinha tudo para ser um filme memorável, um verdadeiro marco nos filmes de ação. De fato, em termos de elenco, o filme é espetacular, mas não dá pra fechar os olhos aos seus defeitos, que não são tão poucos assim.
Mesmo descontando a história simplista, o roteiro ainda tem alguns problemas. O final do personagem de Lundgren, por exemplo, é muito irreal, até mesmo pra um filme desses. E claro, falta desenvolvimento dos personagens, coisa que ficou de lado em prol das explosões. O único que se desenvolve (pouco) é o Ross de Stallone. O personagem de Statham, Lee Christmas, até ensaia uma história paralela, mas que fica um pouco "jogada" no filme. Mas pior mesmo é o personagem de Jet Li, que ficou totalmente perdido, com poucas e inexpressivas falas.
Aliás, a participação de Li foi totalmente sub-utilizada. Nas suas poucas cenas de luta corpo a corpo (é o tipo de ação que se espera ver de um renomado artista marcial), a câmera nervosa de Stallone não sabe se posicionar bem. E pior, para tentar dar uma acelerada na ação, o diretor abusa dos cortes rápidos, fazendo com que o espectador não consiga ver direito a coreografia das lutas. Aliás, esses cortes rápidos e frequentes não são exclusividade das cenas de Li. Nas cenas da última batalha, por exemplo, cheio de explosões e tiros, essa técnica de cortes também é usada e sobretudo, abusada. Teve horas que parecíamos estar assistindo a um filme alucinado do Michael Bay.
Mas nem tudo é ruim. Há cenas de ação bem bacanas, como a cena que abre o filme, quando é mostrado o grupo de mercenários invadindo um navio pirata somaliano e, clássico dos clássicos, matando todo o grupo de piratas sem sequer arranhar os reféns (que estavam lado a lado dos vilões), ou na cena em que Stallone e Statham fogem de avião da ilha do ditador, fazendo um estrago pelo caminho.
Mas na minha opinião, a melhor cena mesmo é a que reúne a santíssima trindade dos filmes de ação brucutu dos anos 80. A cena em questão mostra Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis numa igreja, e os diálogos estão afiadíssimos. Fora as brincadeiras visuais que Stallone faz, mexendo com a iluminação ao mostrá-lo ali parado entre as cadeiras, ou na entrada de Schwarzenegger pela porta, quando a silhueta do ator vai se revelando aos poucos saindo de um grande facho de luz (aliás, o mesmo tipo de gag visual usado na entrada em cena da Gisele Itié).
Enfim, Os Mercenários reúne um dream team dos filmes de ação dos anos 80. Infelizmente, o que poderia ser épico, demonstrou ser apenas mais um filme de ação. Divertido até, mas como diz o nome do bando de mercenários, dispensável.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
3 comentários:
bacana, acabou com a nenhuma vontade que eu tinha de assistir rsrs
Li de alguém no twitter que era Sex and the City para machos alfa. Dispenso então rs
hummm, acão não sou muito chegada e ainda bem que você sempre posta algo antes que eu me arrisque no cinema kkkk bjs
putz... o comentário da cafeina foi perfeito.
Na sessão de cinema tinha duas mulheres quando fui e acho que elas entraram na sala errada.
No mais.. eu gostei do filme, visto que não é um filme que tu vai pra ver a história :p
quanto a Gisele Itie... de boa... toda mocinha americana conforme o filme vai passando ela vai ficando mais gostosa a Gisele foi ficando zuada com o passar do filme.
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