Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 24/08/2010, sobre o exame de suficiência para contadores e os cursos técnicos de contabilidade.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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O exame de suficiência em contabilidade
O comentário que fiz na semana passada, sobre o exame de suficiência para bacharéis em Ciências Econômicas e técnicos contábeis, gerou uma onda de mensagens de ouvintes preocupados.
Alguns escreveram para perguntar se os alunos que vão se formar este ano, terão mesmo que prestar o exame. Eles alegam que não sabiam do exame quando optaram pelo curso de Contabilidade, e se soubessem, talvez tivessem se decidido por outro curso. O argumento é pertinente, mas a lei diz que os formandos em 2010 terão que fazer o exame.
As outras dúvidas levantadas pelos ouvintes são mais preocupantes para eles. Quem irá preparar esse exame e qual será o impacto dele? Pelo que se sabe, a responsabilidade pela elaboração do exame será do Conselho Federal de Contabilidade, certamente, em colaboração com alguns órgãos do governo. Não existe ainda uma prévia que permita aos alunos fazer uma autoavaliação de seus conhecimentos, e não sei se haverá.
A minha avaliação pessoal é a de que pelo menos >a metade dos examinados será reprovada>. Por dois motivos. O primeiro é que existem diferenças de qualidade entre os inúmeros cursos contábeis oferecidos no Brasil. Se o exame for nivelado por baixo, ele perderia a própria essência, que é a de peneirar os mais bem preparados.
O segundo motivo é que já, há alguns anos, os conselhos de contabilidade vêm afirmando que o contador precisa evoluir profissionalmente. Num extremo, está o guarda-livros de décadas passadas, que apenas registrava nos livros as transações contábeis. E no outro extremo, está o contador do século 21, que seria mais um consultor, capaz de oferecer opções aos seus clientes. Para poder fazer isso, o moderno contador precisa conhecer mais profundamente a legislação tributária, por exemplo, que é bastante extensa.
Assim como o exame da Ordem dos Advogados, que vem eliminando mais de 80% dos candidados, também o exame em Contabilidade deverá ter mais reprovados do que aprovados. E o que acontecerá com os reprovados? Eles poderão trabalhar normalmente em escritórios contábeis, mas não poderão representar legalmente os seus clientes.
O primeiro exame, daqui alguns meses, mostrará a extensão da preocupação, muito válida, de quem há menos de quatro anos, optou por uma profissão, e agora não sabe se poderá exercê-la.
Max Gehringer, para CBN.
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