2010-12-01

'A empresa investiu em mim e fico constrangido para mudar de emprego' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 01/12/2010, sobre o o débito moral para com a empresa, por parte de um funcionário que recebeu investimentos dela.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'A empresa investiu em mim e fico constrangido para mudar de emprego'

empregado em dúvida
"Tenho 47 anos", escreve um ouvinte, "e trabalho na mesma empresa faz 10 anos. Durante esse tempo, fui promovido, e a empresa investiu em minha formação em nível superior na área em que atuo. Tenho muito desejo de sair em busca de novas oportunidades, mas me sinto constrangido quando penso em fazê-lo. Gostaria de saber a sua opinião."

Realmente, vai ser apenas uma opinião. Eu separo bem dois tipos de situação. Uma é a do funcionário que iria conseguir fazer um curso, com ou sem o estímulo e a ajuda da empresa. Isso ocorre com jovens com bom potencial de carreira. Em casos assim, não é incomum que a empresa tente reter o jovem por um prazo determinado, através de algum tipo de contrato, cujo valor legal é questionável.

O segundo caso, bem diferente do primeiro, é o de um profissional que já tinha desistido de fazer um curso superior, e de certa forma já se convencera de que seu futuro profissional não iria ser muito diferente do seu presente. Mas de repente, a empresa oferece a ele a oportunidade que na prática, não precisaria oferecer, já que poderia contratar pessoas com a formação desejada.

Esse me parece ser o caso do nosso ouvinte, que entrou na empresa aos 37 anos de idade sem formação superior e ganhou uma oportunidade de estudar e progredir. Logicamente o nosso ouvinte tem méritos. Se não tivesse, não teria sido promovido. Mas o constrangimento que ele está sentindo, que é aquele peso de ter recebido uma ajuda que vai além do custo monetário, é bem compreensível. Ele se sente em débito moral com a empresa.

Quando um funcionário percebe que o pagamento de um curso é apenas um benefício indireto, como seria por exemplo, um carro da empresa para uso pessoal, ele não fica com a consciência pesada ao pedir a conta. Mas a coisa muda de figura quando um funcionário percebe que a sua vida mudou por uma ação unilateral da empresa, que investiu nele sem pedir nada em troca.

Se eu estivesse no lugar do nosso ouvinte, eu não sairia. Mas, como eu disse no começo, essa é só a minha opinião. E eu respeito a opinião de quem pensa o contrário. Tanto no primeiro caso, quanto no segundo.

Max Gehringer, para CBN.

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