2009-11-24

Amigo secreto pode piorar o ambiente em empresas onde o clima é bélico - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 23/11/2009, sobre a brincadeira de amigo secreto e o clima interno no ambiente de trabalho.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Amigo secreto pode piorar o ambiente em empresas onde o clima é bélico

amigo secreto
Faz alguns dias, respondi uma consulta sobre as festas de fim de ano. Hoje a consulta é sobre a irmã siamesa dessas festas, a cerimônia do amigo secreto.

Um ouvinte, proprietário de uma empresa, está pensando em promover essa troca festiva de presentes. Ele acredita que o evento irá gerar um clima de confraternização, que será muito positivo para os negócios. Mas os sócios de nosso ouvinte têm outra opinião. Eles acham que nem todos os funcionários irão gostar da ideia. E alguns serão definitivamente contra.

Não há como não concordar com os sócios, porque estamos falando de gente. E em qualquer grupo de 10 pessoas, sempre haverá 2 ou 3 que são contra qualquer coisa. Mas há um outro aspecto a considerar. A origem da cerimônia do amigo secreto em empresas, lá na década de 70, não foi bem a confraternização. Foi a economia.

Muitos funcionários ficavam em dúvida se deveriam ou não comprar presentes para os colegas de trabalho. Alguns colegas acabavam ganhando dois ou três presentes, enquanto outros ficavam chupando o dedo. E quando um subordinado presenteava o chefe, o resto se sentia instado a fazer a mesma coisa. Se não por simpatia, pelo menos por garantia.

A ideia do amigo secreto era sem dúvida, muito original. O valor arbitrado era pequeno e todos os funcionários recebiam o seu presente. Fazia parte da cerimônia o discurso, dando dicas para que os colegas tentassem adivinhar quem seria o presenteado.

Mas como ocorre com muitas coisas nesta vida, a repetição através dos anos tirou muito da originalidade e da criatividade da ideia. E quando algo vira rotina, o entusiasmo diminui.

O segundo aspecto, e isso só o nosso ouvinte e os sócios poderão avaliar, é que o amigo secreto não cria um clima de amizade onde não existe amizade. Pelo contrário. Se um funcionário sorteia alguém com quem nunca se deu bem no trabalho, o resultado será constrangedor. Um abraço de cinco segundos não irá apagar um ano inteiro de indiferença ou desentendimentos.

Em resumo, nas empresas em que o clima interno é muito bom, o amigo secreto funciona e a festa de fim de ano também. Mas quando o ambiente é mais bélico do que pacífico, as duas cerimônias podem até piorar as coisas.

A minha sugestão: uma votação secreta para saber se os funcionários querem participar do amigo secreto. O resultado mostrará não apenas a opinião da maioria, mas também revelará qual é a verdadeira cara do ambiente interno de trabalho.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Perdido disse...

Pior meu chefe perguntando pro pessoal "quem não quer uma confaternização de fim de ano?"

Euuuuuuuuuuu! *só pensei*