Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 25/11/2009, sobre como um pequeno deslize ético pode comprometer a carreira.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Ética: pequeno deslize pode enterrar carreira promissora
A consulta de hoje é sobre ética. A carta do ouvinte é longa, algo comum quando alguém está precisando desabafar. Resumindo a história, nosso ouvinte tem 26 anos e era gerente de planejamento da filial de uma empresa nacional de grande porte.
Há quatro meses, a pedido do diretor dele, o nosso ouvinte deu, como ele escreveu, uma "mexidinha nos números" que o diretor tinha que apresentar à matriz. Em palavras mais cruas, o diretor pediu para nosso ouvinte dar uma maquiada nos resultados. Nosso ouvinte balançou, porque sempre foi ético, mas o diretor prometeu que assumiria a responsabilidade se algo acontecesse.
Bom, algo aconteceu. Alguém na matriz desconfiou dos números e pediu uma auditoria. Revelada a mexidinha, o diretor foi dispensado. E o nosso ouvinte também. Agora, o nosso ouvinte, que além de ser ético, não sabe mentir, se vê diante daquela pergunta óbvia dos entrevistadores: Por que você foi dispensado? Nas cinco entrevistas que já fez, o nosso ouvinte não passou nem da primeira peneirada.
Embora seja fácil dizer que o ouvinte não deveria ter feito o que fez, essa situação não é to tipo uma em um milhão. Está mais para uma em mil, o que significa que outros ouvintes podem estar tomando um susto nesse exato momento.
Voltando ao nosso ouvinte, eu consultei três profissionais de recrutamento, e os três me responderam que não admitiriam o nosso ouvinte. Não porque um erro não deva ser perdoado, mas porque em qualquer processo de seleção, sempre aparecem bons candidatos com passado profissional impecável.
Nosso desafortunado ouvinte só conseguirá um emprego por indicação direta de um amigo. E sem ter que passar por uma bateria de perguntas, para as quais ele não terá respostas plausíveis.
Eu até poderia dizer que sinto muito, mas no fundo não sinto. Quer dizer, sinto, mas não muito. Estou relatando o caso mais para que outros ouvintes em situação parecida possam parar e refletir. A sugestão é que eles tentem encontrar um novo emprego enquanto estão empregados. E portanto, ainda não precisam inventar explicações para atitudes inexplicáveis.
Para aqueles que por temor, ou por outro motivo, preferem arriscar e ficar na moita, vale a lembrança de que ética não é creme dental. Para estes, como apregoa a propaganda, 99% de proteção bucal é o mesmo que 100%. No caso da ética profissional, é o contrário. Só 1% de deslize já é suficiente para enterrar uma carreira promissora.
Max Gehringer, para CBN.
Um comentário:
É verdade, a mais pura verdade.
Bjo
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