Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 24/03/2009, com a diferença entre uma empresa que tem apenas programas de responsabilidade social e uma empresa que tem sensibilidade social.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).
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Além de responsabilidade social, algumas empresas possuem sensibilidade social
"Gostaria de entender", diz uma ouvinte, "por que empresas que ganham prêmios de responsabilidade social não demonstram qualquer pudor ao fazer demissões em massa de funcionários".
Vamos lá. Quando uma empresa investe na preservação ambiental ou na manutenção de uma escola para crianças carentes, ela está demonstrando a sua preocupação ecológica e humanitária. Essas ações são resumidas no balanço social, feito paralelamente ao balanço financeiro.
Enquanto o balanço financeiro é uma prestação de contas aos acionistas, o balanço social é uma demonstração de que a empresa está também preocupada com a sociedade em geral. Os prêmios e os espaços concedidos pela mídia são uma maneira de repassar o bom exemplo a todas as outras empresas.
Esse é o lado bom da história. Porém, os investimentos em responsabilidade social raramente atingem 3% do faturamento. Enquanto os gastos com empregados, que envolvem salários, encargos e benefícios, ficam acima de 50% do faturamento. Numa situação crítica, cortar programas sociais teria pouco efeito no resultado financeiro da empresa. Já cortar a folha de pagamento tem um efeito enorme.
Em função da crise atual, demissões podem até ser inevitáveis. Mas a diferença está na maneira como a medida é tomada e comunicada. Algumas empresas possuem, além da responsabilidade social, também o que poderíamos chamar de sensibilidade social. Sensibilidade é saber se colocar no lugar do empregado demitido e entender os efeitos psicológicos e financeiros que a demissão irá causar, nele e na família.
Empresas que tem sensibilidade social procuram minimizar o impacto da perda do emprego. Através, por exemplo, de programas de demissão voluntária, extensão de assistência médica, salários adicionais ou contratação de agências para auxiliar na recolocação.
Nos últimos meses, nós temos visto os dois casos. Os das demissões sem consideração e os das demissões feitas com sensibilidade.
Para quem vê a situação de fora, fica a impressão de que as empresas do segundo grupo realmente acreditam que têm um papel social a cumprir. Já as empresas do primeiro grupo, insensíveis às dores dos demitidos, passam a impressão de estar usando as ações de responsabilidade social apenas como instrumento de propaganda e marketing.
Max Gehringer, para CBN.
Um comentário:
Eu podia jurar que tinha comentado aqui... daí eu vi que não.
Como eu não tenho certeza se eu comentei ou não... lá vai o que eu pensei agora sobre responsabilidade social: é muita hipocrisia em algumas empresas, e mais do que necessária em outras.
Aonde eu trabalho é hipocrisia, visto o desperdício de papel, de energia e de talento que existe por lá.
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