Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 09/03/2009, com sugestões de como anunciar aos funcionários, suas demissões por causa da crise.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).
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Como anunciar aos funcionários as demissões por causa da crise
"A crise nos pegou", diz uma ouvinte que é gerente de Recursos Humanos. "Resistimos durante 4 meses mas vamos ser obrigados a fazer um corte de pessoal. Temos 700 empregados e 60 serão demitidos na próxima semana. Como nunca fizemos dispensas desse porte, estamos em dúvida sobre a melhor maneira de comunicar o fato."
Bom, não há uma maneira melhor, há maneiras mais dolorosas ou menos dolorosas. Para a empresa, o sofrimento será menor, porque o momento da demissão encerra um processo interno. Mas para o demitido, o instante da demissão é o começo de um período que pode ser longo e pode acarretar frustração, desespero ou depressão.
O mais indicado é comunicar a decisão a todos os demitidos ao mesmo tempo, já que o motivo da dispensa é coletivo e não individual. Nesse encontro, você deve estar preparada para três coisas.
A primeira é ter dados para demonstrar que a demissão foi realmente a última opção. E que todas as opções anteriores haviam sido esgotadas.
A segunda coisa é explicar porque esses 60 foram escolhidos, dentre os 700.
E a terceira e mais importante, é poder oferecer algo além do que manda a legislação. Por exemplo, uma extensão de 6 meses no plano de assistência médica, a ajuda na preparação de um currículo, um salário extra, algo que o porte da sua empresa deve permitir. É importante também que você comunique aos demitidos que eles serão os primeiros a serem procurados quando a crise passar.
Dito isso, encerre a reunião dizendo que você estará à disposição de quem quiser conversar mais tarde, aí sim, individualmente. E evite os discursos sentimentais, porque eles não irão amenizar a realidade. Você sabe e os demitidos também, que a decisão do corte foi técnica e racional. E que a empresa não está tomando qualquer atitude ilegal ou imoral. Está apenas defendendo seus próprios interesses financeiros e transferindo o problema para os demitidos.
Esse é o lado mais indigesto de qualquer crise: na hora do vamos ver, o abacaxi sempre acaba sobrando para aqueles que têm menos condições de descascá-lo.
Max Gehringer, para CBN.
3 comentários:
Meu... essa terceira coisa aí, de oferecer um bônus pro demitido, até parece legal, mas... sei lá... é foda vc achar que num universo de 700, você faz parte dos 60 que são descartáveis pela empresa.
E de qualquer forma, não me preocupo MUITO, por enquanto: os bancos públicos ainda [eu disse, AINDA] estão firmes e fortes.
Mas certeza, quando não estiverem, eu vou ser uma das "60"... AHUHAUHAUHAUAHUHAUHAUHAUHAUHUA!
[/auto-estima]
Levanta esse ânimo, menina.
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