Por um acaso, acabei vendo uns episódios na televisão, e o texto bem humorado e amarrado, além do ponto de vista feminino sobre coisas que eu desconheço (e que continuo não conhecendo e nem faço questão, como roupas e sapatos), fez com que eu desse uma chance à série e buscasse assistir na sequência (não que isso importe muito). E admito, acabei assistindo toda a série. E apesar de achar apenas os primeiros anos geniais (da quarta temporada em diante, a qualidade é muito inferior), no geral, me diverti bastante.
Eu não estava esperando muito deste Sex and the City 2, já que o primeiro filme, seja pra quem assistiu a série ou não, era uma droga. Depois de sair da sessão, duas constatações: o filme é melhor que o primeiro, mas ainda assim, no pesar da balança, é ruim.
(Esse cartaz ficou tão medonho que apareceu até no Photoshop Disasters)
Eu diria que Sex and the City 2 não é tanto um filme, mas uma festa. Uma festa que reúne um elenco familiar (já que está quase todo mundo da série ali, a maioria só fazendo uma ponta) pra matar saudade das fãs (e faturar mais uns trocados). E esse clima de festa fica evidente logo nos créditos da abertura, com tanto efeito de brilho e brilhantes. E fica escancarado logo no início do filme, na festa de casamento dos melhores amigos gays de Carrie (Sarah Jessica Parker) e Charlotte (Kristin Davis). E esse clima exagerado e festivo (como você imagina que seja um casamento de gays abastados de Manhattam), dá boa parte do tom do filme.
Sex and the City 2 é escancaradamente um filme feito pra fãs. Se no primeiro longa, ainda havia uma breve introdução das personagens (uma espécie de "previously in..."), neste filme o conhecimento das personagens é requisito prévio pra poder curtir um pouco. Não que ele seja muito divertido. O filme até caminha bem no primeiro 1/3, com um humor excelente, bons textos e cenas, muitas remetendo à série, como os clássicos papos no encontro para o café da manhã, das quatro personagens.
E as quatro personagens estão coerentes no filme, quanto ao desenvolvimento delas na série, não deixando cada uma de representar (exageradamente ou cariacaturalmente), facetas ou estereótipos femininos modernos. Miranda (Cynthia Nixon) continua representando o lado profissional, mas apresenta a evolução de ser uma profissional mais madura e também mãe. Charlotte continua representando o lado romântico, meigo e também "patricinha", só que agora enfrentando a dura realidade do sonho alcançado (especialmente no que diz respeito em ser mãe). Samantha (Kim Cattrall) continua representando o lado sexual e sensual, mesmo estando um pouco mais velha (e esse é o tom do conflito da personagem neste filme, a luta - inglória - contra o envelhecimento). E claro, temos Carrie, que além de representar a união entre todas as amigas, ainda representa a espectadora-público-alvo, algo para a "mulherada em geral" tomar como sonho de consumo (afinal, que mulher não gostaria de viver numa cidade cosmopolita, com toneladas de roupas/sapatos de marca, ser paquerada por homens interessantes - apesar de estar longe de ser bonita - e exercer um trabalho criativo?).
A trama central do filme? Er... eu diria que não tem. Quer dizer, até tem, mas é tão rasa e mal explorada... O grande problema de Carrie, a personagem central, é com a vida de casada, onde: 1 - ela tem medo de que o relacionamento dela com "Sr. Big" John Preston (Chris Noth) caia na vala comum da rotina; e 2 - ela tem medo de perder a própria personalidade, de transformar-se em Carrie Preston e deixar de ser Carrie Bradshaw (seu nome de solteira, simbolizando a sua antiga vida).
Depois que as quatro amigas saem de férias e vão para Abu Dhabi, no oriente médio, com tudo pago por um rico sheik querendo negociar com Samantha, o filme tem uma grande virada: entram imagens grandiosas, planos abertos mostrando a paisagem (até parece comercial de algum órgão governamental de incentivo ao turismo), planos fechados só pra mostrar o figurino chique das personagens, e saem os diálogos interessantes e cheios de humor. As cenas do hotel, por exemplo, mais parecem matérias de socialite no estilo Amauri Jr.
Bem, ainda se salvam poucos bons momentos de texto (como quando Charlotte e Miranda tomam uns drinks e compartilham "histórias de mães"), mas não são muito divertidos. Mesmo Samantha, geralmente ótima na sua "caçada", rende poucos momentos muito engraçados. Apesar de monopolizar grande parte da atenção, ela entrega piadinhas com pouca originalidade e graça. E o encontro fortuito de Aidan (John Corbett), antigo namorado de Carrie, com esta, que nos trailers dá a sugestão de grande importância no filme, está mais para uma ponta do ator. Mesmo a sugestão de significado, simbolizado pelo chamado à oração muçulmana, neste encontro, é mal aproveitada. Ou seja, a coisa não se desenvolve muito.
Mas o pior mesmo, pra mim, foi a cena do karaokê. Sério, totalmente desnecessária, essa cena só está lá pra contribuir com o clima de festa que o filme adota. E como é de praxe, feministas deverão querer queimar os rolos deste filme. Além de ser uma ode ao consumismo e uma clara apologia à vida descerebrada e fútil (como a série é, em geral, mas em compensação a série sabia rir de si mesma e ser engraçada), o filme Sex and the City 2 ainda rende pérolas do clichê, como quando quando Carrie tem problemas e uma das amigas sugere que façam compras então. E falando em clichê, como boa parte do filme se passa no Oriente médio, não falta um uso clichê pra burca, aquela roupa que cobre toda a mulher (e que deve ser especialmente infernal de usar naquele calor).
A favor do filme, a parte de design de produção: cenários lindos e exuberantes, e principalmente figurino, que além do fator moda/marcas (que eu não entendo e não dou a mínima também), é bem trabalhado, no sentido de que as roupas refletem bem cada personagem. Note o uso das cores das roupas, por exemplo. O uso de rosa por Charlotte (personagem romântica) ou de cores mais sóbrias por Miranda (profissional) não é mera coincidência. As atuações também estão boas, o que já era de se esperar, já que as atrizes e atores já têm o papel incorporado na pele, depois de tanto tempo, e as pontas famosas como Penélope Cruz e Miley Cyrus não distoam.
Sex and the City 2 se assemelha a um episódio estendido da série, ou uma junção de dois ou três episódios. Por si só, isso não é um fator tão ruim assim (veja o filme dos Simpsons, por exemplo, que é um grande episódio da série, o que no caso dos Simpsons, já garante uma boa qualidade). O problema é que, no caso de Sex and the City, é um daqueles episódios ruins, que começa bem, mas depois se mostra fraco demais.
E, já que falamos de cinema, é preciso ainda que se diga que o diretor e roteirista Michael Patrick King (que também produziu os 3 últimos anos da série, e também escreveu e dirigiu episódios dela, bem como o primeiro filme), ainda precisa se acostumar com a nova mídia. Olhe por exemplo, o final do filme, quando as resoluções dos conflitos das amigas de Carrie são narradas por esta, sem maiores desenvolvimentos. Um recurso típico da série, mas que é um tanto fraco/preguiçoso no cinema.
Enfim, Sex and the City 2 é um filme feito com o intuito de ser uma festa pras fãs desamparadas e saudosas da série. Infelizmente, sem desenvolver muito as personagens e se amparar mais em imagens e futilidades, ele não chega nem perto dos melhores episódios da série.
Trailer:
Para saber mais: especial no Omelete.
9 comentários:
esse é da série dos quais eu não comentaria... er, mas eu comentei só pra falar isso então deixa pra lá.
Eu não vou nem ler, pq quero assistir o filme!
A palavra de verificação era "cessesse" e eu logo lembrei de "Ai, se Sesse", e então resolvi dormir.
Se não conhece, google it.
ótima opinião sobre a série e filme, tão difícil pedir para os homens ao menos assistir o começo da série (que concordo que são os melhores episódios).
huhuu.. o colega fazendo review de sex and the city.. XD
a sarah jessica parker me irrita, nao sei se é por causa da personagem...
A personagem é legal, acho que é a cara de cavalo da Sarah J. Parker que irrita.
gay...
eu me obrigo a ver uma foto de mulher pelada toda vez que penso em ver sex and the city... muito mulherzinha, hahaha
Me desculpe descordar sobre comentários ridículos e maldosos...
Vejo filmes com frequencia, e os assisto 1, 2 , 10, 20, 30 e quantas mais necessários para abordar uma crítica desnecessária como tais acima...
Não conheci a série... mas as duas versões ou seja Sex end the City e Sex en the City 2 são simplismente fantásticos....
Parabéns aos produtores, diretores, protagonistas, coadjuvantes, elenco e demais envolvidos na produção dessas fantasticas produções...
Estimo que muito em breve tenha uma nova oportunidade de assistir "Sex end the City 3, 4, 5 e até onde for possivél com esse elenco fantástico...."
Eu acho que Samantha Jones não está de acordo com a ideologia da Disney. Atualmente, Sarah Jessica Parker retorna ao pequeno ecrã como produtor e estrela do série Divorce, que tem 10 capítulos e é lançado simultaneamente nos Estados Unidos e na América Latina. Frances interpreta Sarah, uma mulher com uma relação tensa com seu marido e dois filhos, que descobre que terminar o seu casamento e começar do zero não é fácil. Não podemos perder esta série de comédia em uma bela lugar em Nova Iorque, porque é uma grande proposta.
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