Se eu tivesse apenas dois adjetivos pra descrever o novo filme de Angelina Jolie, Salt, eu usaria: divertido e descartável. Sim, porque o filme é muito divertido no que propõe: ser um filme de ação (com apenas uma pitadinha de espionagem, bem ao estilo dos Missão Impossível). E, ao mesmo tempo, não oferece nenhuma novidade ou mesmo um personagem cativante e intrigante (como o personagem-título da trilogia Bourne), sendo por isso, descartável, não durando mais do que uma sessão de cinema.
Evelyn Salt, a personagem de Jolie que dá nome ao filme, trabalha para a CIA. Logo no começo do filme, a vemos sendo torturada por norte-coreanos, que a capturaram. Como já nos ensinou James Bond em Die Another Day, agente capturado é agente deixado para trás. Entretanto, Salt acaba sendo libertada numa troca de reféns, graças aos esforços do apaixonado namorado. Que, corta para os dias atuais, se tornou o seu marido. Interessante notar que essas poucas cenas iniciais já nos contam o essencial do que precisamos saber da personagem Salt: uma agente durona que se vê mexida pelo seu "príncipe encantado". Mesmo que mais a frente tenhamos outras revelações, que podem nos fazer duvidar dessa premissa básica, logo percebemos que essa base se mantém.
Bem, a vida de Salt muda quando o agente espião russo Orlov (Daniel Olbrychski) se entrega para a CIA, e num interrogatório, diz que uma agente russa infiltrada irá cometer um assassinato. E essa agente é a própria Salt. A partir daí, começa a ação, que é de primeira qualidade. Uma das coisas que me fez gostar muito das cenas de ação, de modo geral em Salt, foi que as cenas de ação não parecem ter sido estritamente concebidas por computação gráfica. As cenas de perseguição na rodovia, pouco depois do depoimento do espião russo, por exemplo, se usou recursos de computação gráfica, os usou de maneira totalmente transparente. Ou seja, é uma sequência que poderia ter sido feita 10, 15 anos antes, com pouco ou nenhum prejuízo.
De certa forma, esse clima de "nostalgia" ou de "homenagem aos clássicos", aparece não só nas cenas de ação, mas também na trama de modo geral. A começar pelos inimigos, os russos, que em tempos de guerra fria deram excelentes inimigos, mas hoje soam falsos demais. Além disso, a estrutura narrativa do filme, pretensamente um filme de espionagem, com suas reviravoltas e revelações, soa de certa forma datado, como um filme que já passou diversas vezes na Sessão da Tarde. Entretanto, o resultado não é ruim, pois o diretor Phillip Noyce parece que tem consciência dessas características no roteiro, e foca no que é melhor: as cenas de ação (fora, claro, as formas da atriz protagonista Angelina Jolie).
Jolie, como Salt, está ótima. Ela reúne nesta personagem os dotes físicos de uma Lara Croft e uma senhora Smith, bem como uma certa sensibilidade, como a da mãe de A Troca, mesmo que por poucos instantes (só a cena em que Jolie mostra toda a sua dor apenas pelo olhar, ao mesmo tempo em que tem que se mostrar durona para os que estão a sua volta, já vale a atuação). Sim, porque esses instantes são como flashes, que duram apenas um momento, e logo voltamos à ação. Dentre os coadjuvantes, destaque apenas para Liev Schreiber, em um dos poucos papéis com um pouco mais de destaque, como parceiro de Salt.
Enfim, como Salt tem muitas reviravoltas, não dá pra falar muito sobre o roteiro sem acabar soltando um spoiler. Mas fique atento e perceba que o filme, assim como os espiões, é enganador: porque o tema central do filme acaba se revelando não a espionagem ou os agentes secretos ou os atentados. No fim, o que temos é um filme de vingança. Divertido sim, com ótimas cenas de ação, que serve como um bom entretenimento durante seus 100 minutos. Mas que não vai marcar ou fazer história.
E o filme acaba, mas deixa um gancho enorme para possíveis continuações. Se elas vierem e trazerem cenas de ação do mesmo calibre, com certeza eu assistirei. Porque no fim das contas, eu me diverti muito com Salt. Mesmo que daqui a um mês, eu me lembre de quase nada do filme.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
4 comentários:
Esse fds assiti fui ao cinema e vi o trailer desse filme, fiquei super tentada a ir no cinema próximo fds para assisti-lo, principalmente, porque gosto muito dos filmes com Angelina Jolie. E agora depois dos teus comentários, vou mesmo conferir;
toda vez que entro num cinema para ver filme da Jolie saio meio revoltada achando que Deus talvez não tenha sido muito generoso comigo!
nossa.. essa dai do cartaz é a angelina jolie??? photoshopada fail..
eu non gosto muito desse tipo de filme.. kero assistir o ponyo.. XD
hahaha A cintia falou tudo sobre o cartaz... photofail.
to meio animado pra ver esse filme, mas só se não tiver nada melhor pra ver.
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