Nestes tempos em que reboots de franquias cinematográficas andam tão em voga, é sempre bom ver algo que se mantém no seu universo previamente já estabelecido pelos filmes que o antecederam. E mesmo adicionando novos elementos a este universo, manter-se fiel ao espírito original, especialmente não contradizendo o que já foi mostrado. E é nessa linha que o filme Predadores (Predators, no original), anda.
Ignorando totalmente os dois filmes anteriores com o alienígena-rastafari-cara-de-siri (as aberrações de Aliens vs Predadores, filmes horríveis, especialmente o segundo), o novo Predadores retorna boa parte das ideias do primeiro filme, estrelado pelo atual governador do futuro Arnold Schwarzenegger (sim, eu procurei no google e copiei o nome dele).
Na trama, várias pessoas se encontram no meio de uma floresta. Todos gente bacana, daquele tipo que se você cruza na rua a noite, reza pra sair vivo. Mercenário, sniper, soldado, condenado a morte, capanga da máfia, yakuza... Esse bando heterogêneo se vê perdido no meio de uma floresta, e logo descobre que aquela não é uma floresta conhecida por eles. E nem poderia, já que eles se encontram num outro planeta, um planeta que serve como reserva de caça para os Predadores. Atordoados, eles vão enfrentando os perigos de serem caça e ao mesmo tempo, tentam entender mais sobre o que ou quem os estão caçando. E além de sobreviver, talvez achar um meio de voltar para Terra.
Basicamente, a história é essa, mas o que menos importa nos filmes dos Predadores é a trama. O que realmente nos seduz nesses filmes são as cenas de ação com bastante tensão. Duas coisas que se fazem bem presentes neste novo filme. Apesar das cenas de ação serem corretas, elas não escapam dos clichês e estereótipos, como o tiro no último segundo, a munição que acaba no momento exato pra dar mais suspense, etc. Nada que desagrade, no entanto.
Quanto à tensão, qualquer novo filme do Predador leva uma clara desvantagem em relação ao original, de 1987. Lá, o alienígena era novidade, e boa parte do suspense e tensão vinham do fato de desconhecermos o monstro, a ameaça. Neste novo Predadores, o diretor Nimród Antal tenta imprimir o mesmo tipo de tensão usando um jogo de câmera, em que antes de mostrar uma imagem, ele foca extensivamente sobre os personagens e suas reações. Repare em diversas cenas, em que a câmera gira em torno dos personagens com caras de espantados, até que enfim, foca sobre o objeto que os personagens estão olhando. É um recurso interessante pra se criar um suspense (afinal, enquanto o giro da câmera se prolonga, ficamos nos perguntando o que não estamos vendo), mas como este recurso é bastante usado, depois da segunda vez, vai perdendo bastante da força.
Se a trama do filme é bastante rasa, os seus personagens (que inicialmente são vários), também são. E são basicamente clichês ambulantes. Um ou outro se salva da unidimensionalidade total, mesmo que de forma bem pobre. Por exemplo, o soldado russo/checheno/whatever (Oleg Taktarov), quando revela um pouco da sua família, ou ainda quando o doutorzinho (Topher Grace) mente descaradamente para se salvar. Ou ainda nos diálogos entre o mercenário (Adrien Brody) e a sniper (Alice Braga), que mostra certa tensão, mas que é logo abafada pela ação vindoura.
Neste tipo de filme, a atuação sempre acaba tendo menor destaque, mas é preciso dizer que a atuação de todo o elenco é bastante concisa e eficiente.
Mas o grande problema mesmo de Predadores são seus furos. O primeiro nem é culpa do roteiro, mas do diretor. A cena em que os personagens se dão conta de que não estão na Terra é basicamente motivada pela visão do céu, bem diferente do nosso, com luas ou planetas GIGANTES orbitando ao redor do planeta. Pois bem, há poucos minutos atrás, os personagens estavam em uma clareira e não notaram nada de diferente no céu. Ou melhor, um deles notou que o sol não se movia. Err... ele não notou que tinha um corpo celeste quase se chocando com o planeta em que ele estava? Ok, não dá pra dizer que foi falha do roteiro, pois a escolha da locação não devia estar explícita, mas foi uma falha do diretor. Uma falha de roteiro é quando um personagem cai numa armadilha e fica quase aleijado, e momento depois está andando todo faceiro. E não, ele não estava fingindo.
Talvez alguns se queixem do personagem de Brody, que saca quase tudo com apenas uma rápida olhada, e acaba narrando para a platéia, se esta ainda não entendeu, o que se passa. Apenas observando, ele percebe quem são os seus "companheiros", e também rapidamente entende o que eles estão fazendo ali (servindo de caça). Um tanto quanto inverossímil, mas que acaba funcionando no filme, pois acelera o ritmo da ação.
Predadores inova em alguns aspectos, como os "cães de caça" dos alienígenas rastafari, ou a divisão de "clãs" de Predadores. São boas ideias e que se mostram eficientes na tela, mas que logo são esquecidas. Talvez sejam mais frisadas em uma eventual continuação, que eu assistiria com gosto.
Porque, mesmo com todos seus defeitos, Predadores é um filme divertido. Não se leva a sério, e isso faz parte da sua diversão, essa postura de se assumir caricato. Além de prestar uma grande homenagem ao filme original (tanto citando os feitos do personagem de Schwarzenegger numa passagem, quanto em referências visuais e em situações de roteiro), este novo filme tem tudo para levantar novamente a moral dos alienígenas caçadores. E, quem sabe, restabelecer a franquia nos cinemas. Sem reboots, por favor.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete e no Cinema em Cena.
6 comentários:
Impagável a definição para o alien rastafari, cara de siri, hahahaha... Muito bom!
Ah, e também preciso procurar no Google o nome do Arnold pra escrever, rs.
ah, fui ao cinema hj e lembrei de você... Vi Bóris!
=)
Mais um prá dá uma olhada, hoje vou ao cinema, êeeeee
to loko pra ver esse filme... pena q ngm qr ir comigo :(
Postar um comentário