Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 21/03/2012, com mais um clássico do mundo corporativo, reeditando o comentário sobre como a portaria é o espelho de uma empresa.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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A portaria
Eu trabalhei em algumas empresas, umas ótimas, outras nem tanto. Mas só fui relativamente infeliz em uma. Durante anos, eu atribui essa infelicidade à própria empresa, afinal, eu sou normal. Quando alguma coisa não vai bem no trabalho, eu, como todo mundo, sempre procuro primeiro colocar a culpa em alguma coisa abstrata: a estrutura, o ambiente, "os hómi"..
Com o tempo, cheguei à conclusão de que a culpa por não ter me dado bem naquela empresa tinha sido inteiramente minha. Porque durante o processo de contratação, eu cometi um erro elementar.
Meu erro foi o de acreditar nas palavras das pessoas que me entrevistaram, em vez de acreditar na portaria. A portaria é uma amostra grátis do que a gente vai encontrar dentro da empresa. E aquela empresa tinha uma portaria que era um filme de horror.
Primeiro, os atendentes não eram educados. Quando eu me aproximei, dois atendentes estavam conversando, e eles continuaram a conversa por mais alguns minutos, sem se preocupar nem em me dizer bom dia.
Segundo, a burocracia para conseguir ultrapassar a portaria era enorme. Depois de apresentar um documento, tive que preencher um formulário, no qual havia perguntas do tipo com quem vai falar, que departamento, qual é o assunto.
Terceiro, a portaria era desorganizada. Apesar de eu ter hora marcada com o diretor, ninguém na portaria tinha sido avisado. Como o porteiro não conseguiu localizar o diretor, nem a secretária dele, eu fiquei ali, na portaria, esperando por 15 minutos numa salinha em que havia 15 pessoas e 6 cadeiras.
Mesmo assim, fui bem na entrevista e acabei sendo contratado. E levei menos de um dia para descobrir que a empresa era insensível, burocratizada e desorganizada. Ou seja, ela era o espelho perfeito do que eu tinha visto na portaria.
Na vida, a primeira impressão é a que fica. No caso da portaria, a primeira impressão fica, define e explica uma empresa.
Max Gehringer, para CBN.
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