2009-09-05

Da série: cartas que eu nunca enviei

Oi, Lu,

Escrevo esta carta, já sabendo que provavelmente você nunca irá lê-la. Porque provavelmente nunca a enviarei diretamente a você, assim como muitas outras coisas que escrevi e você nunca leu. Apesar disso, deixo todas essas mensagens em um lugar público, esperando, talvez, que por um milagre, algum dia você venha a conhecê-las. Assim, não sei exatamente se quero que você as leia ou não. Uma parte de mim anseia desesperadamente que você as leia, enquanto outra parte, acha melhor que não. Então, as deixo assim, expostas, públicas, mas com a certeza de que você nunca as irá achar.

Você deve ter notado que ando frio e distante contigo. Isso não é acidental. Desculpe, eu sei que um dia eu já disse que poderíamos ser amigos. Eu tentei, mas não sou tão forte assim. Porque é preciso ser muito forte pra estar do teu lado e não te amar imensamente. E esse amor, que nunca vai se concretizar, como você mesma já demonstrou, só me machuca, só me corrói o resto de alma.

Por isso, apesar de não poder evitar a tua presença, evito a todo custo qualquer contato. Especialmente visual. Porque quando te olho, tudo o que eu procuro esquecer, volta com mais força. E não são poucas coisas que eu quero esquecer: o jeito como você sorri ou como você ri, a sua dicção por vezes falha, até mesmo as rugas e manchas de sol na pele, que, longe de serem defeitos, são características que te fazem única. E que considero imensamente adoráveis.

Tem dias que eu consigo e acabo não pensando em você. Esses são os dias que eu considero os "dias bons", apesar deles serem absolutamente vazios. Outros dias, aqueles em que por acaso nossos olhos se cruzam, ou que vejo algo que acaba me lembrando de você... Ah!, como esses dias são sofridos pra mim. E é tão doloroso, que prefiro a dor do vazio a essa dor, de pensar em você, sem esperanças de jamais tê-la.

E contraditoriamente, apesar disso tudo, esses dias eu senti saudades. De coisas simples, de estar do seu lado, mesmo sem te tocar. De te ouvir falar com entusiasmo sobre algo que você fez. De conversar sobre filmes, livros, ou qualquer outra coisa.

E mesmo agora, me controlo pras lágrimas não cairem. Porque ao mesmo tempo que vem essa saudade toda, vem aquela dor de saber que eu nunca seria nada mais do que um colega.

Fiquei pensando em como terminar esta carta. Mas a relendo, concluo que não sei exatamente o que queria dizer. E portanto, não sei como terminá-la de maneira apropriada. Então, vou terminá-la com aquele cumprimento que já se tornou por muitas vezes banal, mas que expressa o que eu mais queria fazer, ao mesmo tempo em que é o que eu mais gostaria de não querer.

Beijos!

3 comentários:

Sardinha Mestre disse...

"até mesmo as rugas e manchas de sol na pele", realmente essa parte ela não ia querer ler, rs.

É foda meu amigo... é foda. A vontade de falar pra ela e de que ela leia o que é escrito é tão grande quanto o medo da rejeição que vem em seguida... sim somos idiotas incorrigiveis que não aprendem, tentamos ser amigos, nos mantemos perto, mas tambem nos mantemos longe pra poder acompanhar os passos dela, somos quase como stalkers huauhahua, mas não chegamos a tanto, queremos o bem dessa pessoa apenas, queremos q ela seja feliz, mas que essa felicidade seja ao nosso lado.

Ela pode não ser a guria mais linda de todas, ela pode não ser aquela torta que todos os homens viram a cabeça e fazem (uhhhhhh), mas pra nós ela é a guria perfeita, aquela que é capaz de seduzir com um olhar e um sorriso.

E quando nos pedem para sermos só amigos, tentamos ser fortes, mas não somos, cedemos, nos irritamos, tentamos odiar a quem amamos para assim podermos seguir a vida, mas no fundo sabemos que não vamos conseguir e então culpamos a nós mesmos quando na verdade não somos tão culpados assim, apenas temos que ter forças para seguir em frente o problema é que o caminho é longo e cheio de retornos.

Ana P. disse...

O amor dói, tanto, tanto, tanto... e eu me sinto tão bem sentindo isso tudo em mim! Olha, é uma bobagem gigante, eu sei, quer dizer, imagino, né, mas...

O que exatamente vc perderia realmente mandando essa carta pra ela? Ela já te disse não, acho que é um dever você dizer como se sentiu recebendo esse não.

Ou não. às vezes, sofrer é mto mais fácil e cômodo. Dolorido, mas mais fácil, com certeza.

[eu queria poder te dizer alguma coisa de bom depois de ler isso, mas eu chorei e lembrei de um monte de coisas que eu não queria ter lembrado e enfim... foda. sinto mto por você]

Paula Chueri disse...

Depois de 10 anos praticamente, aposto que as coisas mudam muito né?