Eu admito que sou fã do Nicolas Cage, e por isso, vou ver os filmes dele com a maior boa vontade do mundo. Mas o fato é que, apesar de ter feito muitos filmes bons, também fez muitos filmes péssimos. E Caça às Bruxas (ou Season of the Witch, no orignal) é um exemplo dessa segunda categoria: um filme que não tem razão de existir (a não ser, talvez, pagar as contas de Cage).
Nicolas Cage é Behmen, um cavaleiro das cruzadas que, junto com seu amigo Felson (Ron Perlman), deserta depois de ficar cansado de massacrar inocentes ao invadir uma cidade. Na viagem de volta para casa, acabam presos por deserção ao pararem numa cidade para conseguir suprimentos. A eles é oferecida uma chance de obterem perdão, se levarem uma garota que dizem ser uma bruxa para um distante monastério, onde seus poderes de bruxa serão retirados, e assim, a peste negra que ela invocara como praga, cessará.
Se existir alguma dúvida quanto à existência/veracidade de bruxas de verdade (as demoníacas, não as de hoje wiccas) no filme, essa dúvida é eliminada logo no início, na primeira cena, que exibe um enforcamento de bruxas, quase um século antes da linha principal de história. Cena, aliás, totalmente previsível.
Caça às Bruxas tem um roteiro confuso, que às vezes pende para o mistério, outras para o terror e outras para a ação, sem que se assuma em nenhum desses gêneros, e sem aprofundar em nenhum desses aspectos também. Por exemplo, apesar do protagonista Behmen, em quase um terço do filme, demonstrar dúvida quanto a autenticidade da bruxa (que é apenas uma garota, sem nome - interpretada por Claire Foy - e que poderia ter confessado ser bruxa vítima de tortura pela igreja), pela introdução que estampa na cara de que as bruxas são reais, essa dúvida é irrelevante para o espectador. E em termos de cenas de ação, elas também não empolgam, sendo que a melhor delas é uma cena, ainda na introdução do filme, em que são mostrados trechos de diferentes batalhas pelas quais os cruzados Behmen e Felson passaram. Clichê? Sim, mas pelo menos bem feita tecnicamente, com uma edição decente. SPOILER ATÉ O FINAL DO PARÁGRAFO! Ao contrário das cenas de ação do clímax, que são praticamente versões pioradas de cenas de filmes de exorcismo recentes, como o prequel de O Exorcista.
Talvez a única coisa que se salve do roteiro são algumas tiradas cômicas, especialmente as proferidas por Perlman. O desenvolvimento do personagem Behmen é muito ruim, sendo que a atuação preguiçosa de Cage acaba acentuando esse problema.
Se ultimamente os filmes têm apostado unicamente no visual para atrair o público, nem essa abordagem Caça às Bruxas pode seguir. A computação gráfica usada é péssima, parecendo mais apropriada para um filme de uns vinte anos atrás. E isso é visível em vários momentos, como nas cenas iniciais em que aparecem os exércitos a ponto de se enfranterem nas cruzadas, ou mesmo na cena de ação do clímax. Mas o grande problema é mesmo com relação aos cenários. É muito visível quando o filme passa de cenas gravadas em locação para as gravadas em estúdio, porque as cenas de estúdio soam muito falsas. Ou a computação gráfica aplicada era muito pobre, ou a marcenaria do cenário foi mal feita mesmo.
No final das contas, parece que Caça às Bruxas foi feito pelo diretor Dominic Sena apenas pra ganhar uns trocados, sem muito esmero. Definitivamente, um filme irrelevante.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
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