Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Errei ao considerar apenas o aumento salarial e não o ambiente de trabalho'
Um ouvinte relata o seguinte: "Faz dois anos que lhe escrevi para contar que havia recebido uma ótima proposta financeira para mudar de emprego. Naquela época você me respondeu que eu deveria considerar também as oportunidades futuras que a empresa oferecia e o ambiente de trabalho. E eu pensei: 'Bom, com o salário que eu vou ganhar, nem vou precisar de oportunidades futuras por um bom tempo'. E quanto ao ambiente, eu conclui que com dinheiro no bolso, qualquer coisa seria tolerável. E aceitei a proposta sem me preocupar com esses dois fatores, que me pareceram mais coisa de consultor do que de vida prática.
Resultado: cometi um tremendo erro de avaliação. O salário continua ótimo, mas o ambiente é de uma pressão brutal, e a concorrência não raramente descamba para a deslealdade entre colegas. Estou gastando parte do meu salário em tranquilizantes e terapia. E lhe pergunto, agora prometendo escutá-lo com mais atenção: em quanto eu poderia reduzir o meu salário para poder sair daqui, sem que isso prejudicasse a minha carreira?"
Vamos lá. Primeiro, eu lamento por ter acertado. Segundo, se você tomou uma decisão precipitada, não tome duas. Muito provavelmente, os seus gastos atuais são compatíveis com o seu salário, porque isso é normal. Poucas pessoas que conheço botam religiosamente 30% do que recebem no banco e acredito que você também não tenha feito isso. Se não fez, uma redução salarial implicaria em problemas financeiros de curto prazo e não demoraria muito para você se lamentar por ter saído daí.
Porque é comum que quando um fator é muito adverso, como é o caso do ambiente neste momento, costumamos dar uma importância exagerada a ele e relevar os demais. Se você reduzir o seu salário sem ter feito um bom planejamento e começar a acumular dívidas, aí o fator salário é que ganhará uma importância exagerada. E o ambiente, que hoje é terrível, começará a lhe parecer mais suportável.
A minha sugestão seria: calcule com quanto você pode viver sem ter dívidas. E mude por essa diferença.
A sua carreira futura não será prejudicada se você encontrar uma empresa que entenda porque você mudou. Algumas aceitarão a sua explicação de que deve haver um equilíbrio entre salário e pressão. Outras não aceitarão. O que para você, não faz diferença. Porque você está saindo de uma empresa assim e não vai querer entrar em outra.
Max Gehringer, para CBN.
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