Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 09/04/2010, sobre a dedicação exclusiva em estudar para concursos públicos.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'Já prestei mais de 30 concursos, mas nunca passei em nenhum'
"Eu me formei há quatro anos", escreve um ouvinte, "e decidi investir todo o meu tempo na preparação para concursos públicos. Ralei muito estudando dez horas por dia, incluindo finais de semana. Meus pais sempre me apoiaram e continuam me apoiando, mas já prestei mais de 30 concursos e tirei notas altas em vários deles, porém, insuficientes para conseguir as vagas. Agora começou a cair a ficha. Estou com 25 anos e nunca trabalhei. Tem dias em que eu acordo otimista e tem dias em que eu me sinto meio deprimido. Será que estou no caminho certo ou estou cavando um buraco do qual não vou mais conseguir sair?"
Eu tenho visto alguns editais de concursos públicos, que me chamam a atenção pela remuneração oferecida. Na semana passada, vi um para assistente administrativo, com um salário inicial acima de quatro mil reais. Em empresas privadas, mesmo aquelas de grande porte, um assistente administrativo ganha metade disso, quando muito.
Somando-se ao salário, a estabilidade do serviço público, é lógico que cada vez mais candidatos sejam atraídos para os concursos. E quanto mais candidatos se inscrevem, menores são as possibilidades de cada um. Existem concursos em que a proporção de candidatos por vaga oferecida, rivaliza com a dos vestibulares das universidades famosas. A conclusão é fria e matemática. A grande maioria dos concursandos não conseguirá a vaga pretendida.
No caso do nosso ouvinte, eu tendo a concordar com a sensação que ele tem nos dias depressivos. Quatro anos é muito tempo. Está na hora de ele conseguir um emprego, numa empresa privada, para, como ele mesmo diz, não cavar um buraco na carteira profissional. Esse emprego poderá não ser o que nosso ouvinte quer na vida. O salário não será lá essas coisas, e a empresa poderá não ser de primeira linha.
Uma vez empregado, o nosso ouvinte deve continuar a prestar concursos públicos. Mas não deve dizer isso em entrevistas, porque não seria contratado. E nem deve revelar seus planos para os futuros colegas de trabalho, mesmo aqueles que parecem mais amigos. Empresas ouvem tudo o que se diz nos corredores, e não apreciam profissionais que entram nelas com outro objetivo imediato em vista.
Max Gehringer, para CBN.
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