Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 12/09/2011, sobre horas extras não remuneradas e comprometimento com a empresa.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
/===================================================================================
'Hora extra não paga virou parte da cultura da empresa'
"Na empresa em que trabalho", escreve um ouvinte, "é comum sermos convidados a esticar o expediente. Na maioria das vezes, não recebemos horas extras e não temos como comprovar que elas foram feitas, porque não existem registros. Pelo que os mais antigos falam, isso sempre foi assim e a prática acabou se transformando em parte da cultura da empresa. Por isso, pouca gente reclama, embora muita gente não goste. Na única vez em que toquei no assunto com meu superior, ouvi dele um sermão sobre comprometimento. Pergunto se isso está certo."
NÃO. Claro que não. Horas adicionais são previstas na legislação trabalhista e devem ser remuneradas. Dito isso, no início da minha carreira, eu eventualmente esticava o meu expediente, sem ninguém me pedir. Isso, de fato, passou uma imagem positiva a meus superiores e me ajudou na carreira. Porém, há uma diferença entre ficar por vontade própria, como era o meu caso, e ser forçado a ficar, como é o caso do nosso ouvinte.
Certamente, em muitas empresas, ainda há funcionários que fazem o que eu fiz. E eu sei que essa dedicação não passa despercebida. Mas as próprias empresas devem coibir essa prática, porque não existe diferença entre hora extra solicitada e hora extra espontânea. Tudo é hora extra. E a empresa que permite ao funcionário esticar o expediente está criando um perigoso passivo trabalhista, que um dia poderá ser cobrado na Justiça do Trabalho.
Hoje, ao reavaliar o que fiz, percebo que eu até poderia ter as melhores intenções ao usar as horas extras para demonstrar que a empresa podia contar comigo a qualquer hora. Mas, do ponto de vista legal, a empresa estava errada ao permitir que eu fizesse isso. Havia e há muitas outras maneiras de mostrar comprometimento sem ferir a legislação.
Max Gehringer, para CBN.
Nenhum comentário:
Postar um comentário