2011-09-22

'Por que os salários são tão baixos no Brasil?' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 22/09/2011, sobre porque os salários no Brasil são tão baixos.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Por que os salários são tão baixos no Brasil?'

salário mínimo

"Por que os salários são tão baixos no Brasil?", pergunta um ouvinte.

Porque o piso legal, que é a base de tudo, é o salário mínimo, que foi instituído em 1940. Na época, 70% da população brasileiro vivia na roça. O analfabetismo era regra e apenas um em cada cinco mil brasileiros adultos tinha curso superior. Numa situação assim, o salário mínimo representou uma grande conquista para a classe trabalhadora.

O problema é que, passadas sete décadas, o poder aquisitivo do salário mínimo não mudou. Ele continua sendo suficiente apenas para os mesmos gastos básicos com alimentação e vestuário.

Acontece que nessas sete décadas a população se deslocou para as cidades. Os cursos superiores estão ao alcance dos jovens urbanos. E uma infinidade de bens, que não existiam em 1940, ou eram privilégio de uma ínfima minoria, passaram a ser vistos como absolutamente necessários: televisão, geladeira, automóvel, celular, computador, cosméticos, viagens de férias, casa própria... Nada disso estava na conta do salário mínimo de 1940, e continua não estando na conta do salário mínimo atual.

Como é preciso ter muito mais dinheiro para comprar o que passamos a considerar como sendo essencial, a solução óbvia seria triplicar de imediato, o valor do salário mínimo. Mas isso é inviável, como o meu colega e especialista Sardenberg saberia explicar melhor do que eu.

Para que não houvesse o desequilíbrio que existe hoje, o salário mínimo deveria ter crescido
um pouco além da inflação a cada ano, desde 1940. Mas não cresceu. E enquanto não crescer, os salários iniciais continuarão baixos, porque há candidatos suficientes para as vagas que são abertas.

Porém, na parte de cima do organograma, a remuneração é compatível com a dos países mais adiantados. Um diretor de empresa no Brasil ganha o mesmo que o seu equivalente nos Estados Unidos. Portanto, o começo pode não ser muito animador, mas não é definitivo.

Max Gehringer, para CBN.

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