2013-09-13

Filme: A Coleção Invisível

Provavelmente o filme brasileiro A Coleção Invisível será mais lembrado devido ao fato de ter sido o último trabalho do ator Walmor Chagas do que devido aos seus próprios méritos (não que a escalação de Chagas não tenha sido um deles). Mas o fato é que A Coleção Invisível é um bom filme, que apesar de se mostrar bastante sensível, tem também vários defeitos, sobretudo no roteiro.

filme a coleção invisível poster cartaz

A história de A Coleção Invisível acompanha o jovem Beto (Vladimir Brichta) que, depois de um evento traumático, assume o controle do antiquário da família. Endividado, surge uma oportunidade de ganhar muito dinheiro quando um conhecido lhe informa que as gravuras de um falecido artista baiano estão bem valorizadas e com comprador garantido, gravuras estas que foram comercializadas pelo falecido pai de Beto há vários anos atrás. Em busca do colecionador que comprou essas gravuras, ele passará pelo interior da Bahia, conhecendo uma visão bastante decadente de parte do estado, ao passar pela região cacaueira afetada pela praga da Vassoura-de-bruxa. Ao finalmente chegar ao seu destino, ele ainda encontrará resistência por parte da família de Samir (Walmor Chagas), o colecionador, nas figuras da mulher Clara (Clarisse Abujamra) e da filha Saada (Ludmila Rosa).

filme a coleção invisível walmor chagas

Em termos de fotografia e direção de arte, A Coleção Invisível se mostra bastante eficaz. Transparece na tela a decadência econômica da região cacaueira, em especial quando o filme retrata as fazendas de cacau e suas cercanias, outrora pujantes, agora caindo aos pedaços, ao mesmo tempo em que ainda é possível se deslumbrar com o visual da natureza do lugar.

filme a coleção invisível vladimir brichta e ludmila rosa

Outro destaque positivo do filme são as atuações dos seus principais atores e atrizes. Brichta consegue se distanciar da aura cômica que seus personagens geralmente assumem em outras produções (sobretudo televisivas), entregando um personagem interessante, ainda que sua jornada não apresente grandes surpresas. Ludmila Rosa está linda e forte em sua personagem, que infelizmente é prejudicada pelo roteiro, ao correr no desenvolvimento do relacionamento de Saada e Beto. E Chagas, que na época das filmagens já não enxergava bem, não representa um personagem; ele é. Simplesmente assim.

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Dirigido por Bernard Attal, que co-escreve o roteiro com Sérgio Machado baseado no conto homônimo de Stefan Zweig, A Coleção Invisível tem em seu roteiro o seu elemento mais fraco. O drama pessoal de Beto, que inicia o longa, não é bem resolvido, bem como sua relação com a mãe. A sua relação como Saara também se desenvolve aos saltos, sem aquela suavidade esperada no desenvolvimento de qualquer relacionamento. O "lado social" do roteiro também sofre um pouco: apesar de bem resolvido no que tange ao personagem Wesley (Wesley Macedo), um menino pobre da cidade onde Beto se hospeda, o roteiro deixa a desejar a apenas citar a situação ecológica da região, sem oferecer maior desenvolvimento ou mesmo explicações que possam aprofundar o conhecimento de quem não conhece a área.

Entretanto, mesmo com os problemas de roteiro, A Coleção Invisível é um filme interessante, que apesar de seu ritmo até um pouco lento (sem piadas baianas) no desenvolvimento do personagem, consegue prender a atenção. E é, além de tudo, um filme sensível sobre família, perdas e ganhos inesperados.

Trailer:



Para saber mais: site oficial de A Coleção Invisível e crítica no Adoro Cinema.


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