2010-06-06

Filme: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres

Outro filme que assisti neste feriado foi o suspense policial sueco Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (ou no original, este nome impronunciável pra nós: Män som hatar kvinnor. Baseado no livro de mesmo nome, o primeiro de uma trilogia, do autor Stieg Larsson (livros que depois de ver o filme, fiquei com vontade de ler), o filme tem alguns defeitos, mas no geral, é interessante e instigante.

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Como eu ainda não li os livros, pode ser que o que falarei agora seja uma tremenda besteira, mas o pior defeito do filme é justamente seguir fielmente demais o livro. Explico: filmes e livros têm dinâmicas diferentes. O que é prazeroso e fantástico em uma mídia, não é necessariamente na outra. Tome a resolução do filme, por exemplo (sem spoilers). Depois do que seria o clímax do filme, em que temos a resolução de um dos mistérios centrais e também algumas cenas de ação, o filme ainda se prolonga por um tempo razoável, contendo outros mini-clímax, muitos destes, partes do desenvolvimento dos personagens principais e que não têm relação direta com o mistério central do filme. Esses epílogos funcionam muito bem em um livro, e são agradáveis nesta mídia. Mas num filme, depois do grande clímax, se você não fecha as pontas logo, o filme tem essa impressão de ficar arrastado demais.

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A história é a seguinte: Mikael Blomkvist (interpretado por Michael Nyqvist) é um repórter investigativo da revista Millenium. Acusado e condenado (injustamente, do seu ponto de vista) por difamação, ele se vê meio abandonado por seus colegas de revista. Tendo seis meses de liberdade antes de cumprir a pena, ele recebe a proposta de investigar o desaparecimento da sobrinha preferida de Henrik Vanger (Sven-Bertil Taube), Harriet, ocorrido há quase 40 anos. Mikael, que conhecera Harriet quando criança (ela servia, às vezes, de babá dele), aceita o trabalho, mas a sua motivação nunca é inteiramente estabelecida no filme (se por conta da curiosidade investigativa, se por lembranças de seu passado - que certamente ajudarão na investigação - ou por ambas razões).

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Harriet enviava a Henrik, todo ano em seu aniversário, uma folha seca prensada, e mesmo depois do seu desaparecimento, Henrik recebia anonimamente esse presente, o que o fez pensar que o suposto raptor/assassino as estava enviando. (Particularmente, eu iria pensar que ela estava viva e fugiu por um motivo. Mas claro, a minha vida é chata e não daria um livro. ;)) Henrik suspeita de alguém da sua própria família, um ninho de cascavéis, em sua opinião, que se mantém juntos apenas pelos negócios milionários da empresa Vangler, da qual ele ainda é o cabeça.

Em paralelo, conhecemos também Lisbeth Salander (interpretada por Noomi Rapace), uma jovem de aparência exótica (mas bela) que trabalha como investigadora particular de uma grande firma de segurança. Ela era encarregada de montar um dossiê sobre Mikael, para atestar a honestidade do jornalista. Mas, mesmo depois de entregue o dossiê, por algum motivo, ela continua a bisbilhotar o computador de Mikael, se inteirando da investigação. Eventualmente, ela se junta a Mikael na investigação, e o mistério que envolve o desaparecimento de Harriet se expande para uma trama de assassinatos, sexo e até mesmo nazismo.

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Inegavelmente, Os Homens Que Não Amavam as Mulheres desenvolve mais a personagem de Lisbeth. Enquanto o personagem do jornalista Mikael já começa a investigar o caso, temos um bom desenvolvimento da investigadora e super hacker Lisbeth. (Nem vou reclamar das super habilidades hacker da moça, mas só porque ela usa ferramentas verossímeis. Sim, ela pesquisa no Google também!) Lisbeth, como sugere o seu visual presente, não tem um passado tranquilo. Com apenas 24 anos, nota-se que ela já passou por muita coisa, como sugere a maneira como ela lida com o seu sádico curador (uma espécie de guardião legal). As cenas de violência sexual, e que ações ela toma, definem a personagem mais do que quaisquer palavras. Aliás, é interessante notar que boa parte do que passa Lisbeth tem um paralelo com a história de Harriet, mas isso só descobriremos no final.

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Com ótimas atuações, o grande defeito de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é mesmo o ritmo que o diretor Niels Arden Oplev imprime ao filme. Com suas duas horas e meia de projeção, o filme deixa uma sensação de arrastamento ou demora em geral. Já citei a questão do clímax, e outro exemplo é o encontro dos dois personagens principais, que demora a acontecer. Claro que a desculpa para isso é o próprio desenvolvimento da personagem de Rapace, Lisbeth. Aliás, é interessante essa condição, de sabermos bem mais sobre a personagem Lisbeth do que Mikael, quando ele mesmo fala no filme, que ela sabe tudo sobre ele e ele não sabe nada sobre ela.

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Apesar de um ou outro clichê (como a da super hacker) e da obviedade de algumas coisas (que não citarei, porque pode não ser óbvio pra todo mundo, especialmente quem não está acostumado com tramas de suspense), o filme Os Homens Que Não Amavam as Mulheres consegue manter uma boa dose de suspense e tensão, especialmente nos seus dois primeiros terços. O seu final arrastado faz com que o filme perca um pouco de sua força, mas ao mesmo tempo, não deixa pontos de interrogações acerca do destino das personagens.

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Enfim, com jeitão de filme hollywoodiano, o filme sueco Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é um thriller interessante. Não, não vai mudar a vida de ninguém. Mas rende umas boas horas de suspense e nos traz personagens cativantes.

Trailer:



Para saber mais: crítica no Omelete.

2 comentários:

Sardinha Mestre disse...

Fiquei com vontade de assistir.... pena que jamais passará nessa cidade fim de mundo... mas essa semana vou pra curitiba... quem sabe lá esteja passando.

Nina disse...

Eu ainda não consegui assistir ao filme, mas adorei, adorei, adorei os livros. Há muito tempo que eu não gostava tanto de best-sellers.
Recomendo a trilogia!

Ah, o site do autor (que como se sabe morreu antes de os livros serem lançados etc) www.stieglarsson.com é bem interessante, especialmente o mapa com os locais descritos nos livros.

Bjo