2010-06-09

As contratações através de indicação - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 09/06/2010, sobre como as indicações para um emprego ou favor não são coisas apenas atuais.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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As contratações através de indicação

dedo indicador
Eu mencionei em um comentário recente, que mais de 50% das contratações em empresas privadas são feitas através de indicações. Um ouvinte não discordou do número, mas discordou do conceito. E ele faz uma série de perguntas, todas cabíveis.

Para que servem as agências de recrutamente e seleção? Por que uma pessoa que conhece alguém numa posição privilegiada dentro de uma empresa, tem mais chances de ocupar um cargo lá dentro? Por que um profissional que simplesmente enviou um currículo, não poderia ter mais competência e mais dedicação para exercer esse mesmo cargo? E a última pergunta: Por que, hoje em dia, é dado tanto valor assim à indicação feita por terceiros?

Vamos lá. Não é hoje em dia. A história começa no primeiro dia de maio de 1500, quando o escrivão Pero Vaz de Caminha escreveu a célebre carta ao rei Dom Manuel de Portugal, relatando o achamento da terra nova, que futuramente iria se chamar Brasil. Ao finalizar o seu relato, Caminha solicita ao rei a transferência do genro, Jorge Osório, da Ilha de São Tomé para Lisboa. Jorge Osório era um bandido, que havia sido exilado em São Tomé após um assalto. Caminha teve a cara de pau de pedir um favor desses ao venturoso rei, por um simples motivo: ele tinha acesso direto a quem podia decidir.

Mais de cinco séculos se passaram e favores nunca deixaram de ser solicitados a quem pudessem prestá-los. Tantos favores pessoais, quanto favores profissionais. Numa situação como a atual, em que há mais candidatos bons do que bons empregos, sempre haverá alguém que peça uma indicação, e sempre haverá a quem atenda o pedido.

E nem é preciso conhecer o rei, basta conhecer alguém bem relacionado dentro da empresa. Vale dizer que quem indica está avalizando profissionalmente o indicado. O que para uma empresa, já é motivo suficiente para atender ao pedido.

Respondendo ao nosso ouvinte, eu diria que as agências de recrutamente e seleção entram no processo quando não existe uma recomendação firme e consistente.

Portanto, embora o nosso ouvinte tenha motivos para discordar da justeza do processo, é assim que caminhamos desde Caminha, e nada indica que descaminharemos em breve tempo.

Max Gehringer, para CBN.

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