Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 15/06/2010, sobre a confiança das multinacionais nos executivos brasileiros, e as oportunidades destes na hierarquia delas.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Multinacionais não confiam em executivos brasileiros?
Pergunta muito pertinente de um ouvinte. Ele relata o seguinte: "Tenho 29 anos e um cargo gerencial. Estou no meu terceiro emprego em sete anos. Como nos dois anteriores, este também é numa multinacional. A primeira era argentina, a segunda mexicana, e a atual, espanhola. O motivo que me levou a mudar duas vezes de emprego foi a falta de perspectivas para conseguir um cargo acima de gerente. Todos os diretores das empresas anteriores eram estrangeiros, e os da atual empresa também são.
Eu senti antes e estou sentindo agora, que não vou conseguir subir mais um degrau. Porque sempre que surge uma vaga de diretoria, os gerentes brasileiros são convidados a participar do processo, mas por fim, acaba vindo alguém de fora. Pergunto se essa atitude das empresas têm a ver com a falta de confiança nos executivos brasileiros."
Não, não tem. Pelo contrário. Há muitos executivos brasileiros ocupando posições de destaque em multinacionais, tanto no Brasil quanto no exterior. O que eu tenho visto no mercado é que multinacionais cujos países de origem são asiáticos ou latinos, de fato dão preferência a executivos que cresceram dentro da matriz, no país de origem. E as três empresas a que nosso ouvinte se refere, são latinas.
A vinda de executivos de fora é mais comum nos primeiros anos de funcionamento das empresas em outros países. Isso ocorre não apenas no Brasil, ocorre em qualquer país. Primeiro, os diretores vindo de fora têm a missão de implantar na empresa, a cultura profissional que deu certo no país de origem. Ao mesmo tempo, eles procuram entender as características do Brasil e o mercado de trabalho local. E finalmente as oportunidades aparecem.
Por vezes, esse processo demora, até dez anos. Nós temos multinacionais brasileiras que adotam exatamente esse mesmo procedimento no exterior. Os principais cargos são preenchidos por brasileiros. Ou seja, os outros fazem aqui o que nós fazemos lá fora.
Não é por desconfiança, é mais por segurança, pelo menos durante algum tempo. Depois, aos poucos, as oportunidades passam a ser oferecidas aos locais que demonstrarem duas coisas: melhor adaptação à cultura da empresa, e paciência para esperar pela hora certa.
Max Gehringer, para CBN.
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