2010-06-22

Exame da OAB: é justo? - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 22/06/2010, sobre o exame da OAB.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Exame da OAB: é justo?

oab
Ouvintes atentos me escreveram para dizer que o exame da Ordem dos Advogados do Brasil é composto por 100 questões na primeira fase, e não 80, como informei em meu comentário da semana passada. É fato. Eu antecipei uma medida ainda a ser posta em prática em futuros exames. Até agora sempre foram 100 questões, com 5 horas para respondê-las.

Correção feita, o comentário rendeu uma batelada de e-mails de ouvintes que são contra o exame. Compreensivelmente, nenhum ouvinte que foi aprovado no exame reclamou do processo. Os que escreveram foram reprovados, mas isso não impede que eles possam ter as opiniões divulgadas.

Um dos ouvintes resume a opinião geral, quando diz que formandos em engenharia, administração e outros cursos não precisam passar por um exame de proficiência para poderem exercer a sua profissão. O ouvinte argumenta que o mercado de trabalho está mais do que apto para separar os profissionais que possuem competência em qualquer profissão. E é injusto que um jovem tenha que estudar Direito durante anos, para só depois descobrir se poderá, ou não, exercer a profissão que escolheu.

Outro ouvinte levanta um ponto sensível. Se já está comprovado que no Brasil existem faculdades de baixo nível em todos os cursos, por que não existem exames para todos os cursos?

Bom, vale aqui lembrar porque o exame da Ordem começou, lá em 1971. Naquela época, surgiram os chamados cursos livres de Direito, com aulas apenas aos sábados. Era compreensível que quem estudava seis dias por semana, fosse contra essa aberração. E por isso, o exame da Ordem foi legalmente estabelecido. E funcionou, porque os cursos livres desapareceram, dada a alta quantidade de reprovações de seus bacharéis.

A situação agora é outra, mas a lei que criou o exame da Ordem continua em vigor. Para mudar a situação, será preciso mudar a lei. Enquanto ela existir, apenas dois de cada dez bacharéis em Direito, se tornarão advogados.

Existe alguma possibilidade da lei ser mudada? Talvez, se os quatro milhões de bacharéis que não passaram no exame da Ordem, conseguirem se organizar em uma associação nacional. Independentemente do mérito da questão, quatro milhões de pessoas são um contingente eleitoral que dá água na boca de qualquer político.

Max Gehringer, para CBN.

3 comentários:

Unknown disse...

Sou mais uma suspeita pra opinar mas nunca me coloquei contra o exame pós-formação. E não concordo que a culpa é das faculdades de baixo nível. Cursei uma faculdade de alto nível e conheço até bacharéis da Usp ainda tentando. Conheço gente empenhada há anos e sempre tem algum problema no Exame. Sou a favor sim de uma melhoria geral nos cursos superiores, a favor de testes para seleção e principalmente testes práticos (como a residência na medicina). Não sou a favor da exclusão por política de reserva de mercado. Não sou a favor dos métodos dessa seleção. Enfim, sou mais uma suspeita pra opinar.

Ana Paula disse...

Não gosto do exame de ordem, é eu reprovei. O que não significa que eu ache desnecessário, com certeza minha vida seria bem mais fácil se ele não existisse, mas está aí.
Fiz minha graduação em uma universidade de prestígio aqui no Paraná, prestei dois exames e reprovei na primeira fase.
Quem passou pelo exame sabe que é uma provinha bem complicada, feita pra tirar seu controle e por seus nervos em frangalhos. Agora, que prova não é assim?
Sinceramente, acho que o fato de ter reprovado no exame não significa que eu vá ser uma má profissional, mas apenas que não me preparei como deveria.

Anônimo disse...

boa tarde... pelo exposto e pelos 2 comentários anteriores, entende-se que uma grande parte dos 4 milhões de reprovados possuem, ao final do curso, o mesmo nível e condições daqueles que, anteriormente, se formavam pelos cursos "livres"; posto isso, deveríamos querer que os exames de proficiencia fossem, também, aplicados em todas as outras áreas e, jamais, que fosse extinto.