Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 11/06/2010, sobre o processo de seleção e a valorização dos talentos.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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A valorização dos talentos
Mensagem de um ouvinte aflito: "Não sei se a pergunta é apropriada, mas ouço falar muito na valorização dos talentos. Sendo assim, a seleção brasileira não deveria ter mais jogadores talentosos e menos profissionais apenas esforçados?"
A pergunta é apropriada pela proximidade da Copa. Mas, vamos tentar fazê-la ficar ainda mais apropriada.
O processo de recrutamento utilizado na seleção brasileira seria o sonho de toda a empresa. Simplesmente, após a execução de uma tarefa, o grupo é desfeito e o selecionador pode formar um novo grupo, da maneira que bem entender.
Imagine que você, ouvinte que fez a pergunta, estivesse em uma empresa e tivesse que contratar 23 subordinados diretos para montar um novo departamento. O que você faria? Contrataria os 23 tecnicamente mais talentosos que aparecessem? Dificilmente. Você começaria dando preferência a profissionais com os quais você teria afinidade.
Nas entrevistas, você provavelmente eliminaria alguns talentos que demonstrassem excesso de individualismo. Porque, afinal de contas, você está montando uma equipe, e você sabe que o problema na Copa de 2006 foi a falta de senso coletivo.
Então, ainda na fase de entrevistas, certamente você tenderia a apreciar mais aqueles candidatos que tivessem uma história de carreira semelhante à sua. Digamos que você sempre foi o tipo do trabalhador incansável, que preza a disciplina e organização, e que não gosta de gente que traz problemas pessoais para o trabalho. Você ia querer contratar gente assim. É claro que você também contrataria profissionais talentosos, mas desde que eles se enquadrassem em sua filosofia de trabalho.
O técnico da seleção brasileira pode ser classificado como um obreiro, no melhor sentido da palavra. Os termos usados para definí-lo quando ele jogava eram: esforçado, disciplinado e cumpridor de ordens. Agora cabe a ele selecionar os subordinados, e não é de estranhar que a seleção brasileira terá dois jogadores criativos e nove obreiros, bem à imagem do selecionador e chefe.
Como ocorre em empresas, são os resultados que demonstram o acerto ou o erro nas decisões. E como também ocorre em empresas, muitas vezes a explicação dada para o sucesso é a mesma dada para o fracasso. Agora, para quem está de fora, só resta esperar e torcer.
Max Gehringer, para CBN.
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