Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 24/11/2010, sobre discriminação racial nas grandes empresas, e cargos de chefia para recém-formados.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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"Mesmo com currículo conceituado posso sofrer discriminação racial?"
"Sou negro e curso administração", escreve um ouvinte. "Infelizmente", ele diz, "o Brasil é um país racista mascarado. E por isso eu pergunto: quando eu me formar, mesmo tendo um currículo conceituado, e se for procurar uma vaga em nível de chefia ou gerência, posso ser discriminado durante o processo de seleção? Ou a empresa vai visar somente as minhas qualidades? Em suma, existe racismo nas grandes corporações?"
Bom, vamos por partes. Dizer que não existe discriminação no Brasil seria muita inocência da minha parte. Existe aqui, como existe em praticamente todos os países do mundo. Porém, argumentar que o Brasil é um país racista mascarado seria insinuar que todos os brasileiros são racistas, o que não é verdade. Mas vamos às suas perguntas.
Eu lhe diria que as grandes corporações são mais refratárias à discriminação, por um motivo simples: uma notícia negativa iria se espalhar rapidamente pela mídia, e causar um enorme estrago na imagem da empresa. Por isso grandes corporações adotam programas de inclusão social e racial, e são bastante sensíveis a denúncias de fatos que possam a vir comprometê-las.
A outra pergunta que você fez, sobre procurar uma vaga de chefia ou gerência assim que se formar, é mais fácil de responder. Você não conseguirá essas vagas. Não por racismo, mas porque existe uma escada que você terá que subir na hierarquia. E essa escada é a mesma para todo jovem recém-formado, independente de raça, situação social ou religião. Todo mundo começa pelo degrau mais baixo, e vai subindo na medida em que demonstra aptidões profissionais que vão além do diploma.
Ao formular a sua pergunta, você me passou a impressão de que já tem o juízo previamente formado. E eu temo que você possa atribuir a esse juízo, eventuais fatores de avaliação que nada têm a ver com ele. Você precisará demonstrar, por exemplo, que pode ser um bom líder, e o diploma da melhor escola do Brasil não garante que você será. Só a convivência diária, com chefes e colegas, irá revelar se você possui as qualidades profissionais que a empresa deseja num cargo de liderança.
Caso você venha a ser realmente discriminado, há leis no Brasil que poderão ampará-lo. Mas, o meu conselho e o meu desejo de coração é que você não confunda causa e efeito.
Max Gehringer, para CBN.
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