2012-11-13

Filme: 7 Dias em Havana

7 dias, 7 histórias, 7 diretores e uma cidade quase mítica no imaginário, capital de Cuba e que reúne todos os estereótipos (verdadeiros ou não) associados ao país: Havana. Esses são os ingredientes básicos do filme 7 Dias em Havana (ou 7 días en La Habana, no original), que de segunda a domingo, nos brinda com sete histórias, uma para cada dia da semana (e cada segmento dirigido por um diretor diferente).

filme 7 Dias em Havana poster cartaz

Ao contrário do que geralmente acontece com filmes com muitas histórias, em que cada uma acaba se cruzando com outra, neste 7 Dias em Havana elas quase não se cruzam, sobrando apenas uma referência aqui ou ali (como o acontecimento do festival de cinema, ou a personagem principal de uma história aparecendo em outra). Se na essência são sete curtas passados na mesma cidade, é visível que há uma ligação entre elas: a cidade/país, com seus costumes típicos e características marcantes, sobretudo a religiosidade, sensualidade, musicalidade e cultura exótica. Além disso, no aspecto técnico, apesar de variar, a fotografia é quase sempre uniforme: amarelada, colorida e com forte contraste, assim como imagina-se Cuba.

filme 7 Dias em Havana

Os dois curtas mais fracos, na minha opinião, são o segundo (Jam Session, terça-feira) que mostra um diretor sérvio indo a Cuba para ser homenageado num festival de cinema, enquanto passa por uma crise no casamento e é "salvo" pela música cubana (a história é até simpática, e termina com uma bela cena, mas é bem fraco no geral). O segundo ponto fraco é a quinta história (Ritual, sexta-feira), que praticamente sem diálogos, mostra uma jovem que, depois de descoberta dormindo com outra moça, é levada pelos pais a um ritual de exorcismo para "curar" sua homossexualidade. É uma visão sobre a cultura e a religiosidade regional, mas que é bem melhor explorada (e com muito mais bom humor) na última história (A Fonte, domingo), sobre o esforço coletivo para fazer uma fonte para uma Virgem Maria chamada frequentemente por um nome orixá. Além da mistura religiosa, é interessante notar como o povo cubano sobrevive, no melhor estilo "jeitinho brasileiro".

filme 7 Dias em Havana

Tirando as duas histórias mais fracas, acima citadas, todas as outras histórias de 7 Dias em Havana são ótimas. A primeira história (Yuma, segunda-feira), de um jovem americano que aproveita o dia para conhecer Havana e acaba levando uma surpresa para o seu quarto de hotel (que é previsível, mas ainda assim ótima), mostra bastante o lado sensual/sexual visto por um turista, além de mostrar um pouco mais sobre a cultura local do ponto de vista estrangeiro. Mas sensual mesmo é a terceira história (A Tentação de Cecília, quarta-feira), que mostra a personagem-título pendendo entre amor e paixão, família e carreira, além de citar a busca por melhores condições de vida.

filme 7 Dias em Havana

O tema busca por uma vida melhor, basicamente longe do regime cubano (significando na maioria dos casos, uma travessia até Miami), voltará a tona no penúltimo conto (Doce Amargo, sábado), sobre uma família que produz doces para complementar a renda. Além do tema financeiro, esta história mostra de maneira muito bem humorada as condições de vida em Havana, como a dificuldade da personagem em arranjar ovos depois que uma queda de energia atrapalha a primeira leva de doces. E, por fim, temos a história de quinta-feira, Diário de um Principiante, que mostra de maneira sensível e sutilmente cômica, a espera de um visitante para falar com "o Comandante". Enquanto espera Fidel terminar um de seus famosos longos discursos, o visitante passeia por Havana em silêncio, vendo a vida passar lentamente na cidade e nos seus habitantes, reparando na dualidade entre o regime (comunismo) e a abertura capitalista (com os turistas). Com um ritmo lento e praticamente sem diálogos, é a obra mais intimista e a que eu mais apreciei.

Enfim, 7 Dias em Havana, apesar de seus pontos baixos, nos faz viajar em duas horas, por uma semana na capital cubana. Uma viagem que, apesar dos exageros e romantismos associados à imagem que temos de Havana, é divertida e vale a pena.

Trailer:



Para saber mais: ótimo texto no Omelete.

3 comentários:

Ju ♥ disse...

gosto de qualquer coisa q fale de cuba... assisti habana blues, já viu? é bom, música, política, fidel, traição, sexo e mais de tudo um pouco. muito bom.

Andarilho disse...

Não, esse eu ainda não vi.

Ju ♥ disse...

esse é bem antigo.
foi a partir dele q me apaixonei por mano negra e manu chao.