Em Bagdá, entre a zona verde (a área pacificada de Bagdá restritamente controlada pelo governo americano e que dá nome a outro filme de guerra espetacular, com Matt Damon), e o aeroporto, existe uma estrada que é considerada a mais perigosa do mundo, chamada de Rota Irlandesa. Esta explicação é dada por um personagem em certa altura da projeção deste filme, que leva o nome da estrada (no original, Route Irish).
Apesar do pontapé inicial da história se passar no Iraque, a maior parte da trama se desenrola na Inglaterra, onde Fergus (Mark Womack), um soldado privado (uma palavra mais bonita para mercenário), desconfia das explicações oficiais para a morte de seu melhor amigo desde a infância, Frankie (John Bishop), morto na tal rota irlandesa que dá título ao filme. A partir dessa premissa básica, temos uma trama onde o diretor Ken Loach desenvolve um filme quadradinho, sem inovações, envolvendo investigação, um pouco de suspense, leves menções às sequelas dos soldados pós-guerra, mas principalmente, uma denúncia sobre o capitalismo, grandes corporações (sempre malvadas), a privatização de exércitos e os excessos cometidos por estes "caubóis" contratados.
Infelizmente, são nesses últimos aspectos, os mais focados, que Rota Irlandesa se perde. Ao querer chocar, inserindo imagens reais de arquivos jornalísticos mostrando algumas barbáries cometidas por soldados, em momentos da projeção, o filme não apenas quebra o ritmo da narrativa, mas também soa como pretensioso e panfletário, como se fosse um professor que tivesse que ficar repetindo à exaustão, uma lição que é óbvia para a classe.
Rota Irlandesa não deixa de ser uma diversão razoável em termos de filme-de-ex-soldado-fodão-buscando-vingança-pessoal, mas peca também em outro ponto: a mesmice. O trailer também não ajuda, estragando boa parte do final, denunciando de antemão os vilões e fazendo com que a reviravolta final (obrigatória) perca toda a sua força (que já não seria tão grande assim). Nesse sentido, pode-se dizer que Rota Irlandesa seja até mesmo um pouco burocrático, não inovando em absolutamente nada, mas entregando as cenas de ação e de investigação já esperadas pelos familiares ao gênero.
Enfim, Rota Irlandesa entrega o básico do gênero investigação/guerras/grandes corporações. A crítica social se faz presente, mas não se desenvolve bem, soando forçada. Ao contrário do caminho que dá nome ao filme, Rota Irlandesa segue por caminhos seguros, que muitas vezes se mostram também os menos interessantes.
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário