Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 12/04/2011, sobre como esticar o expediente além do necessário é um hábito em algumas empresas brasileiras.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Esticar expediente é um hábito brasileiro
"Na empresa em que trabalho", escreve uma ouvinte, "é hábito o pessoal administrativo ficar até mais tarde sem receber hora extra. E não é por pouco tempo, no mínimo, uma hora por dia. Eu não consigo entender a razão, já que não existe acúmulo de trabalho. O pessoal simplesmente fica. Quando perguntei por que, me disseram que isso é praxe e que quem sai na hora certa não é bem visto, porque mostra falta de comprometimento. Você poderia me esclarecer se isso ocorre em todas as empresas?"
Não, não ocorre em todas. Mas ocorre em algumas. O mais estranho é que essa esticada desnecessária de expediente não foi importada: é um hábito brasileiro. Nenhum dos países que conheci adota essa prática. Mesmo nos Estados Unidos, o berço da competitividade, o pessoal administrativo não fica um minuto a mais.
É claro que certos setores têm necessidade de eventualmente prolongar a jornada. Por exemplo, o pessoal da contabilidade no fechamento do mês. Mas quando todo mundo fica todos os dias, ou algo está muito errado com a rotina da empresa, ou então a prática já se estabeleceu e ninguém mais sabe explicar porquê. O chefe fica porque o chefe dele fica, e os subordinados acabam ficando porque ninguém quer arriscar.
Dá a impressão de que ficar na empresa é melhor do que ir para casa ou aproveitar o tempo para qualquer outra atividade. Isso não faz sentido algum. E todo mundo sabe que não faz. Mas ninguém se atreve a ser o primeiro a desafiar a jurisprudência interna.
Meu conselho para a nossa ouvinte: seja a primeira. Mostre que você tem uma vida para ser vivida. E se você vier a se tornar uma vítima do seu atrevimento, saiba que existem muitas empresas no Brasil que não confundem comprometimento com desperdício de tempo.
Max Gehringer, para CBN.
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