Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 29/05/2012, sobre o sentimento de vergonha por estar desempregado.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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'É irracional sentir vergonha por estar desempregado?'
Um ouvinte escreve para contar que perdeu o emprego aos 39 anos, após passar quase 20 anos bem empregado. E confessa que sentiu tudo o que poderia ter sentido: decepção, raiva, sensação de ter sido injustiçado e, finalmente, depressão.Mas, ele diz, todas essas reações foram diminuindo e a única que permaneceu após quatro meses foi a vergonha de dizer que está desempregado.
"Não quero dicas para encontrar outro emprego", ele diz, "porque estou fazendo tudo o que a cartilha manda em termos de contatos e currículos. Gostaria apenas de ouvir que a vergonha que estou sentindo é irracional."
Vamos lá. A sua vergonha é uma reação emocional a um conceito arraigado na mente da sociedade em geral: o de que uma pessoa que perdeu o emprego fez algo errado. Muito provavelmente nosso ouvinte também pode reagido assim no passado, ao ouvir a notícia que alguém perdera o emprego.
Como o nosso ouvinte escreveu que jamais esperaria ser dispensado um dia, certamente por imaginar que estava fazendo tudo certo, ele cristalizou em sua mente a opinião de que a dispensa somente afetaria a quem fizesse algo errado. Logo, demitidos teriam motivos para se envergonhar. E essa sensação se transferiu para o nosso ouvinte quando ele se viu na mesma situação.
Acontece que o desemprego já não afeta somente a quem comete erros. Bons profissionais podem perder o emprego devido a um programa de redução de custos, uma reestruturação interna ou uma fusão entre empresas.
Para tranqulizar o nosso ouvinte, eu diria que ele está em uma fase de aceitação da nova realidade do mercado de trabalho. A de que o desemprego ocasional não é um crime, nem um castigo. Ao aceitar isso, a vergonha é substituída pela visão pragmática de que ninguém pode se considerar totalmente seguro em seu emprego.
Max Gehringer, para CBN.
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