2009-07-27

Pedir a conta é medida drástica - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 27/07/2009, sobre a decisão de pedir demissão, e um interessante comparativo entre demissão e divórcio.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Pedir a conta é medida drástica

divórcio
Recebo muitas mensagens de ouvintes que reclamam do emprego que têm. Os motivos variam: não é o que eu quero, não é o que eu estudei, não sou valorizado. Mas, a conclusão é quase unânime: estou pensando em pedir demissão.

Então, calma. Pedir a conta é uma medida drástica, e por isso, é uma decisão que só deve ser considerada em casos extremos. E que só deve ser tomada, após uma avaliação racional, e não emocional, das condições de trabalho que temos, e das oportunidades que poderemos vir a ter.

De modo geral, nós tendemos a prestar mais atenção aos aspectos negativos de nossa empresa e de nosso trabalho, do que aos fatores positivos. E imaginamos que em outras empresas a situação seria bem diferente. Em um novo emprego, os aspectos negativos desapareceriam e os fatores positivos permaneceriam. Essa é uma visão, no mínimo, tremendamente otimista.

É mais ou menos como num divórcio. Quando duas pessoas se casam, ambas acreditam que encontraram o melhor parceiro do mundo. Algum tempo depois, concluem que se enganaram redondamente na avaliação inicial. Quando o casamento chega a esse ponto, qualquer picuinha é motivo de encrenca. Algo sem importância para um, adquire enorme importância para o outro. As críticas mútuas vão se acumulando e a separação acaba sendo a única solução.

Aí, cada um segue o seu caminho, ambos se casam novamente, e o segundo casamento irá durar bem mais do que o primeiro. Porém, o que torna o segundo casamento mais estável é o aprendizado da primeira experiência. Na segunda vez, os parceiros estarão mais dispostos ao entendimento: o nível de exigência cai e o nível de participação aumenta, e haverá mais disposição para perdoar.

E como escreveu a nossa ouvinte, aprenderão a valorizar mais o que têm, ao invés de ficar só exigindo o que não tem.

Eu não diria aos nossos ouvintes que estão desgastados com o emprego atual, não devam pedir a conta. Estou apenas dizendo que o novo emprego terá, como tem o atual, seus fatores positivos e negativos. E pedir novamente a conta, porque o novo emprego também não é o que a pessoa queria, seria como se divorciar pela segunda vez.

Aí, ficaria claro que a pessoa quer que o mundo se adapte às exigências dela. Nenhum casamento e nenhum emprego consegue resistir a essa visão de que um lado está sempre certo e o outro lado está sempre errado.

Max Gehringer, para CBN.

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