Neste domingo gélido, fui assistir o filme drama/comédia Caramelo (título internacional: Caramel), uma co-produção França/Líbano, de 2007, mas que só este ano chegou às nossas terras.
O caramelo é feito derretendo-se açúcar e (possivelmente) misturando com um pouco de água, dependendo da consistência pretendida. Este doce, meloso e grudento, além de encher as papilas gustativas com o doce do açúcar, no filme (que retrata Beirute, Líbano) é também usado para depilação, como se usa cera por aqui. Este processo é logo mostrado na abertura do filme, e é o tom que ele adota, observando o universo feminino: um misto de doçura e dor.
Como dito, o filme se passa em Beirute, e mostra a vida de algumas mulheres, orbitando em volta de um salão de beleza. Temos a amante de um homem casado, que como manda o estereótipo da amante apaixonada, espera que ele largue da mulher; a noiva que esconde um segredo que pode acabar com o futuro casamento; a lésbica enrustida; a divorciada que reluta em aceitar que o tempo passou; e a costureira que tem que cuidar de sua irmã mais velha, que não bate bem da cabeça.
Alguns dos dramas retratados no filme podem ser considerados específicos da sociedade em que está ambientado, citando por exemplo, a patrulha dos bons costumes e as obrigações que são submetidas às mulheres, como a obrigação de casar virgem ou de comprovar o casamento para alugar um quarto de hotel.
Outras questões, porém, são universais, sobretudo amores e relacionamentos. Afinal, mesmo com as barreiras mais duras, impostas pela sociedade, a mulher amante do homem casado tem os mesmos sentimentos que outra mulher de qualquer outro lugar, na mesma situação: ela ama um canalha e sofre com isso; sente ciúmes da mulher do amante; mas termina com um final aberto, uma possível esperança e um novo amor.
(Nadine Labaki, atriz e diretora de Caramelo. Tenho que admitir que é uma das mais belas diretoras que já vi. Muito linda.)
Caramelo é um filme interessante, mas assim como o título, ele acaba sendo apenas água-com-açúcar. Tem algumas questões interessantes, mas tirando a trama da amante (vivida pela Nadine Labaki, também diretora do filme), as tramas não são exploradas a fundo, não rendendo o tanto quanto poderiam, no lado dramático. Mas isso parece ser proposital, feito pra deixar o filme leve.
O mesmo caramelo que adoça a boca, pode causar dor na hora de puxar uns pêlos. Mas no caso do filme, não se preocupe: é um caramelo doce, bem suave. Talvez um Sex and the City libanês, mas sem o sexo, afinal, em Beirute, as moças são mais recatadas... (Falando nisso, acho que se fosse desenvolvida uma série, seria legal. )
Trailer:
Para saber mais: Wikipedia em inglês, crítica no Omelete.
Um comentário:
Ah, então, olha só. Eu super quero assistir esse filme, quando eu vi a história e pans, pq ver mulher sofrendo no cinema é tudo que eu acho mais divertido.
Daí que o título num ajudou mto, mas eu vou superar, vou superar.
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