Você Vai Conhecer o Homem Dos Seus Sonhos tem um gênero meio indefinido, mas eu o classificaria como uma comédia desromântica. Sem graça. Longe de ter os diálogos afiados e cheios de sarcasmo de um Tudo Pode Dar Certo, o novo roteiro de Allen até tenta ser engraçado (como quando mostra a vidente charlatã), mas não consegue. Há algumas poucas cenas mais engraçadas, em que a graça advém de certas ironias do "destino" (como quando um personagem olha pela janela vendo o seu passado), mas nada que valha mais do que um sorriso.
A história de Você Vai Conhecer o Homem Dos Seus Sonhos nos conduz a uma família londrina. Já com uma certa idade, Alfie (Anthony Hopkins) deixa Helena (Gemma Jones), mulher com quem conviveu a vida inteira e formara uma família, em busca da sua juventude perdida. Helena não se recupera bem da separação, e acaba caindo na conversa fiada de uma "vidente". Alfie se envolve com a garota de programas Charmaine (Lucy Punch), enquanto a sua filha Sally (a sempre linda Naomi Watts), casada com Roy (Josh Brolin), enfrenta problmeas conjugais e profissionais ao desenvolver uma queda pelo patrão Greg (Antonio Banderas), ao mesmo tempo em que Roy se encanta pela mulher de vermelho da janela vizinha, Dia (Freida Pinto, a bela mocinha de Quem Quer Ser um Milionário).
Você Vai Conhecer o Homem Dos Seus Sonhos tem um ritmo teatral, em que os diálogos conduzem a trama mais do que as imagens. Exemplo perfeito disso é o longo plano no apartamento, em que Roy, Sally e sua mãe discutem (uma das poucas cenas interessantes). Infelizmente, a presença do um narrador no filme dá a impressão de que Allen simplesmente ficou com uma certa preguiça, deixando a cargo da narração eventos importantes para a história, ao invés de mostrá-los.
Apesar do bom elenco reunido, Você Vai Conhecer o Homem Dos Seus Sonhos mal consegue ser mediano. Com vários arcos diferentes, poucos personagens chegam a se desenvolver a contento. O relacionamento entre Roy e Dia, por exemplo, ou é irreal demais, ou teve cenas cortadas, pois não é mostrado nenhum desenvolvimento que leva esses personagens a fazerem suas escolhas. E a mesma coisa afeta o desenvolvimento da personagem de Naomi Watts. Já o personagem de Hopkins se mostra unidimensional e movido a clichês, restando ao ator apenas algumas piadas engraçadinhas.
O destaque vai para Gemma Jones, que não só exibe a melhor performance do filme, como também é agraciada com a melhor personagem, aquela que carrega a mensagem do filme de Allen. Pelo menos a mensagem de Allen, que envolve relacionamentos e amores, é condizente com o que ele vem pregando em seus últimos filmes. Neste, como um personagem mesmo diz, é que "ilusões podem ser melhores que quaisquer remédios".
Enfim, ilusões até podem ser melhores que remédios. Entretanto, com certeza, ilusões não sustentam este filme.
Trailer BR:
Para saber mais: crítica no Cinema em Cena e no Omelete.
Um comentário:
Achei este filme um saco. Consegue ser pior que Scoop. Um Woody Allen preguiçoso.
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