Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 05/08/2009, sobre empreendedores e inquietos.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.
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Nem todo o 'inquieto' será um bom empreendedor
Consulta de um ouvinte inquieto: "Mudei três vezes de curso superior", ele diz, "porque os dois primeiros não estavam me trazendo o conhecimento que eu esperava. Em termos profissionais, sinto-me parado. Trabalho em uma empresa que não me dá o espaço que eu poderia ter. Apresento ideias e sou proativo, mas minhas tarefas são basicamente burocráticas. Já me disseram que sou inquieto e fico pensando se não seria melhor eu ter meu próprio negócio, já que as minhas chances como empregado parecem ser mínimas."
De fato, todo bom empreendedor é inquieto. Mas isso não quer dizer que todo inquieto será um bom empreendedor.
Dos muitos micro e pequenos negócios que duram pouco no Brasil, a maior parte quebra por um de dois motivos. O primeiro é o de abrir um negócio não por opção, mas por falta de opções. Por exemplo, alguém que opta por um negócio próprio porque está desempregado há meses. Num caso assim, o novo empreendedor imagina que o negócio vai dar certo, mas sem ter uma clara noção dos fatores que fazem um negócio dar certo.
E o segundo motivo é o caso do inquieto contestador. Um profissional que decide ser o próprio chefe, apenas porque chegou à conclusão que todos os chefes que teve eram menos competentes do que ele.
O caso do nosso ouvinte parece-me ser uma mistura desses dois motivos. Nosso ouvinte tem uma excelente opinião sobre si mesmo, mas nenhuma das qualidades que ele se auto-atribui, trouxe, até agora, resultados práticos para sua carreira profissional. Não que isso signifique que ele não possa vir a ser um empreendedor de sucesso.
Porém, salvo raríssimas exceções, todo empreendedor de sucesso, que um dia foi empregado, teve relativo sucesso também como empregado, mesmo discordando de muita coisa que a empresa fazia ou deixava de fazer. Essas pessoas utilizaram a experiência do emprego como um importante período de aprendizado, e não como uma fase totalmente desperdiçada na vida ou na carreira.
O que falta para o nosso ouvinte é sobretudo foco. Tanto na escola quanto na empresa. E isso é uma maneira delicada de dizer que ele ainda não sabe bem o que quer. E enquanto ele não encontrar uma direção e se concentrar nela, há poucas chances de que ele venha a ser tanto um bom empregado, quanto um bom empreendedor.
Max Gehringer, para CBN.
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