A verdade é que a minha vontade de falar sobre esta nova versão de Os Três Mosqueteiros é nula, portanto, vai apenas um texto rapidinho (ou nem tanto). O filme, que poderia se chamar Os 3D Mosqueteiros (e originalmente se chama The Three Musketeers), é mais uma versão da clássica aventura de espadachins de Alexandre Dumas.
De fato, a não ser que você tenha menos de dez anos, já deve ter visto essa história tantas vezes que já sabe de cor e salteado o fio da meada. O malvado Cardeal Richelieu (Christoph Waltz embolsando uma graninha fácil) é o homem mais poderoso da França, já que o rei Luis XIII (Freddie Fox) é um paspalho infantil que neste filme se preocupa mais com a cor de sua roupa (uma coisa meio gay, de fato), do que se o rei da Inglaterra vai declarar guerra. Richelieu dispensa os serviços dos mosqueteiros (a tropa de elite do rei) em prol da sua própria guarda, deixando assim os já famosos três mosqueteiros Athos (Luke Evans), Portos (Ray Stevenson) e Aramis (Matthew MacFadyen) a ver navios. É quando chega a Paris o jovem e cabeça quente D'Artagnan (Logan Lerman), que acaba marcando duelo com os três mosqueteiros, um de cada vez, claro. Só que o primeiro duelo é interrompido quando a guarda de Richelieu intervém, e os quatro espadachins acabam se unindo contra eles. Além disso, temos as intrigas palacianas envolvendo não só Richilieu, mas também a assassina/mercenária Milady (Milla Jovovich, de novo estrelando um filme do maridão), que tentará incriminar a rainha (Juno Temple) de ter um caso com o Duque de Buckingham (Orlando Bloom).
O diretor Paul W.S. Anderson já havia provado em Resident Evil 4: Recomeço que sabe aproveitar bem o 3D em cenas de ação. Apesar de não tão bem aproveitado quando no Resident Evil, o 3D de Os Três Mosqueteiros é muito bem feito e apresenta uma excelente imersão no filme. Infelizmente, apesar de algumas cenas bem coreografadas de espada (como o combate que interrompe o duelo dos protagonistas), no geral as cenas de ação seguem aquela cartilha clichê, de cortes rápidos e explosões alucinadas (o que gera um ou outro destroço voando na cara do espectador).
E se a fotografia em 3D é sem dúvida o grande destaque de Os Três Mosqueteiros, também não dá pra deixar de mencionar a direção de arte e design, que não recriaram propriamente todo o ambiente histórico, mas o mesclaram com elementos futuristas, numa mistura retrô-futurista (quase um steampunk, mas sem quase vapor) bem bacana. Logo no começo do filme já podemos ver isso, quando os mosqueteiros surgem em sua primeira missão na tela, usando armas muito bacanas e roupas estilizadas, bem ao estilo de videogames (impossível não lembrar do jogo Assassin's Creed ao ver Aramis nesta cena). Aliás, não só no design que o estilo videogame se apresenta, mas também em todo o filme, especialmente pelo seu ritmo e nas coreografias de luta.
Tirando esses dois aspectos, que são majoritariamente visuais (o 3D e o design de produção), todo o resto de Os Três Mosqueteiros vai por ladeira abaixo. O roteiro é cheio de clichês (sério que o pai de D'Artagnan diz a ele que "a verdadeira arma de um mosqueteiro é aqui", apontando para o coração?). Os momentos cômicos também não são nada excepcionais, alguns chegando a ser meio irritantes até (o servo dos mosqueteiros é um exemplo claro disso). Além disso, os personagens são todos unidimensionais e caricatos demais, começando pelos mosqueteiros, cada um especializado em um tipo de luta (por exemplo Athos equilibrado com uma espada, Aramis ágil com duas e Portos no estilo brucutu). Isso para não mencionar todo o pessoal da corte, passando pelo rei meio afeminado (mas que no fundo está apaixonado pela rainha), desde o Cardeal (e Waltz mostra que está escolhendo seus papéis pelo vil metal) até o Buckingham (e Orlando Bloom parece ter ligado o "foda-se" de vez, de tão ruim). Também não ajuda o fato de que nenhum personagem mostra bastante carisma (e o protagonista interpretado por Logan Lerman é quase tão ruim quanto o protagonista de outra bomba, ops, filme, estreado por ele, Percy Jackson e O Ladrão de Raios).
Enfim, Os Três Mosqueteiros só é tragável se assistido numa confortável sala moderna 3D, com ótimos sistema de sons e imagens. Porque no filme, na verdade se salvam duas coisas: o 3D e o design de produção. Ah, os peitos inchados pelos espartilhos das mulheres também agrada (oh, Juno Temple...), mas não chegam a ser um grande diferencial... (Afinal, faltam mulheres de peito no filme. Interprete isso como quiser.)
Trailer:
Para saber mais: crítica no Omelete.
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